A movimentação articulada por Fábio Ramalho nesta sexta (5), em Lagoa Seca, caiu como uma bomba na base política de Veneziano Vital do Rêgo. O deputado estadual, que nos últimos anos teve na cidade de Lagoa Seca uma das maiores beneficiadas pelas ações, emendas e articulações de Veneziano, resolveu dar uma guinada repentina e altamente questionável ao levar prefeitos aliados do senador para declarar apoio a Nabor Wanderley, adversário direto de Veneziano na disputa pela segunda vaga ao Senado.
O gesto soou como ingratidão política, quebra de alinhamento e afronta direta ao grupo que mais investiu em Lagoa Seca e nos municípios representados pelos prefeitos que estavam à mesa.
Para muitos nos bastidores, Fábio encenou um “salto ornamental” para dentro de um projeto estritamente pessoal, ignorando coerência, lealdade e o mínimo de respeito político, para variar. Afinal, quando o interesse deixa de ser coletivo e passa a ser personificado e individual, ele costuma deixar vestígios de odores fétidos.
A reação interna foi imediata. Alguns prefeitos, vereadores, lideranças e aliados de Veneziano não conseguiram entender como é possível defender o senador publicamente e, ao mesmo tempo, trabalhar para fortalecer seu principal concorrente.
A avaliação é dura, mas necessária: o movimento foi premeditado, interesseiro e politicamente desleal.
O encontro promovido por Fábio com direito a holofotes, fotos ensaiadas e declarações cuidadosamente articuladas, não foi um evento casual. Foi um recado direto e calculado, feito à revelia de Veneziano, justamente no território político onde o senador mais atuou e mais entregou resultados.
A pergunta que ecoa entre aliados é simples: como explicar que Fábio, Michelle Ramalho, Júnior Caracol, João Costa e Carlos Henrique, todos beneficiados pelo trabalho e pelo empenho do senador Veneziano, estejam agora fortalecendo o candidato que tenta tirar dele a vaga ao Senado?
A conta não fecha.
E o movimento colocou uma sombra pesada sobre a relação desse grupo com o senador. Nos bastidores, o clima é de desconfiança.
O gesto de Fábio foi visto como uma virada de costas organizada, não apenas contra Veneziano, mas contra todo o investimento político que o viabilizou ao longo dos últimos anos.
Em um cenário onde a lealdade costuma ser escassa, Fábio Ramalho conseguiu ultrapassar essa linha com uma naturalidade que surpreendeu até os mais experientes.
E deixou claro que, quando o interesse pessoal fala mais alto, a política mostra sua face mais crua e menos confiável.
Por Simone Duarte


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