Hervázio Bezerra desabafa na BandNews e expõe crise com João Azevêdo: “Eu só me ajoelho aos pés de Deus”

O deputado estadual Hervázio Bezerra (PSB) protagonizou, nesta terça-feira (18), uma das entrevistas mais carregadas de emoção de sua trajetória recente ao participar do programa 60 Minutos, da BandNews FM. Com forte abalo perceptível em sua voz e postura, o parlamentar relatou a crise instalada entre seu grupo político e o governador João Azevêdo, após a decisão que levou seu filho, o vice-prefeito de João Pessoa, Léo Bezerra, a entregar a presidência municipal do Partido Socialista Brasileiro.

Segundo Hervázio, a comunicação feita pelo governador pedindo a Léo que deixasse o comando da legenda na Capital foi recebida “com muita surpresa”, gerando efeitos que ultrapassam a esfera partidária e atingem diretamente sua família e seu projeto político. O deputado afirmou que a articulação que levou à retirada de Léo não apenas o surpreendeu, mas teve como objetivo fragilizar sua relação com o filho. “O que você queria, você conseguiu, que era fazer nos afastar, a mim e a Léo. Você conseguiu, parabéns”, declarou.  

Ao longo de toda a entrevista, Hervázio não poupou críticas ao que considera ingerência interna e influência negativa dentro do governo. Sem rodeios, apontou o secretário de Administração do Estado, Tibério Limeira, como o principal articulador da crise. “Aquele que está no pé do ouvido do governador e esse alguém tem nome é Tibério Limeira, é o causador de tudo isso. Eu repito: ele venceu, infelizmente”, desabafou.

O deputado contou ainda que tentou, antes da crise se agravar, estabelecer diálogo direto com João Azevêdo. Revelou que, às 7h30 da manhã, enviou mensagem pedindo uma conversa imediata. “Governador, preciso conversar com o senhor”, relatou ter escrito. Até o momento da entrevista, afirmou não ter recebido qualquer resposta. A ausência de retorno, segundo ele, foi interpretada como um sinal claro de fechamento de portas. “Fazer o quê? Rastejar? Me humilhar? Nunca. Eu só me ajoelho aos pés de Deus, mas a ninguém mais.”  

Ao responder às perguntas dos apresentadores Cacá e Fernando Braz, Hervázio admitiu que a crise o abalou profundamente. Disse que não conseguiu sequer almoçar antes da entrevista e que carregava um misto de indignação, frustração e exaustão. Por diversas vezes, destacou a impossibilidade de separar quem fala, o político ou o pai. “Não tem como dissociar. Eu não sou hipócrita. Eu sou um cara verdadeiro na minha vida”, expressou.

O parlamentar também foi questionado sobre seu futuro político e sua relação com o governador a partir de agora. Em resposta, admitiu que nada está definido e que o apoio ao governo estadual não está mais garantido. “Nós vamos refletir. Se tem uma coisa que eu tenho na minha vida, é vergonha na cara. A vida é feita de escolhas, e toda escolha tem consequências.” Ele afirmou que qualquer decisão será tomada em conjunto com Léo e com o grupo que os acompanha politicamente, reforçando que não agirá movido por emoção ou precipitação. “Eu nunca tomei decisão assodada. Amanhã vamos sentar. Nada como um dia após o outro, com uma bela noite de sono no meio”, frisou.

Diante da tensão evidente, Hervázio reconheceu que ataques poderão aumentar após suas declarações públicas, especialmente de setores ligados ao governo. Ainda assim, afirmou estar preparado e sustentado pela convicção de que está sendo injustiçado. “Pancadas virão, tenho certeza. Mas ninguém duvide: eu nunca vi o mal se sobrepor ao bem.”  

Ao final da entrevista, quando provocado a enviar um recado ao governador, Hervázio recusou qualquer ataque direto, mas encerrou com uma pergunta que ecoou entre os ouvintes e reafirmou o caráter emocional de sua fala: “Governador, o senhor acha que foi justo o que o senhor fez com Léo?”, indagou.

Postar um comentário

0 Comentários