Um encontro entre o governador João Azevêdo e parte dos professores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em Campina Grande acabou em tensão e troca de acusações. Durante o diálogo, o governador insinuou que o movimento docente estaria sendo “usado em vésperas de eleições”, declaração que gerou revolta entre os educadores presentes.
João Azevêdo falou após cobranças dos professores sobre o pagamento de retroativos salariais e o cumprimento de acordos anteriores. O governador alegou que a dívida não seria do Estado, mas da própria Universidade, e que o governo estaria assumindo “com boa vontade” o compromisso de quitar os valores. “Eu pago o retroativo, eu assumo uma dívida que sequer é do Estado. Mas vocês não querem acordo. Isso é porque está em uma véspera de eleição, e vocês se deixam usar numa eleição. Esse é o problema da UEPB”, afirmou o governador.
A reação foi imediata. Representantes da categoria consideraram a declaração desrespeitosa e reafirmaram a legitimidade das reivindicações. “Dizer que estamos sendo usados por eleição é desrespeitoso com a categoria”, respondeu um dos docentes presentes.
Após esse embate, fica visível o clima de desgaste entre o Governo do Estado e os servidores da UEPB, que há anos reivindicam a reposição salarial, o pagamento de retroativos e o respeito à autonomia universitária. A crítica de João Azevêdo, ao sugerir motivações políticas nas mobilizações, acabou acentuando o distanciamento entre a gestão estadual e os professores.
O fato ocorreu justamente no momento em que o governador intensifica sua agenda pública e política em Campina Grande, o que deu ainda mais peso à fala considerada ofensiva pelos docentes.
Para os professores, a tentativa de associar a luta da categoria ao calendário eleitoral é uma forma de deslegitimar as reivindicações históricas e enfraquecer o movimento. “Não é a primeira vez que o governo tenta politizar nossa luta. Mas reivindicar direitos não tem prazo eleitoral”, afirmou um representante da Associação dos Docentes da UEPB.
O episódio desta semana mostra que o diálogo entre o governo e os professores da Universidade Estadual da Paraíba está longe de uma solução. Mais do que uma divergência técnica sobre dívidas e repasses, o que se viu foi o profundo desalinhamento entre quem governa e quem sustenta, com trabalho e resistência, o ensino público superior no Estado.


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