Mais cupins em Brasília: um insulto à população brasileira


Enquanto milhões de brasileiros enfrentam a dura realidade da fome, da falta de acesso a serviços básicos e da sobrecarga tributária, a Câmara dos Deputados encontra tempo — e urgência — para discutir o aumento do número de parlamentares federais. A proposta, que deveria causar indignação generalizada, é mais um sintoma do distanciamento completo entre os interesses da população e os das elites políticas que ocupam o Congresso Nacional.

Ampliar o número de deputados é multiplicar o que o povo já apelidou, com razão, de “vermes e cupins da República”: políticos que, em sua esmagadora maioria, nada fazem além de consumir recursos públicos em escala obscena. São salários acima da realidade nacional, verbas de gabinete milionárias, cotas para tudo que se possa imaginar, passagens aéreas, imóveis funcionais e uma fila interminável de assessores — muitos dos quais sequer trabalham de fato. Tudo pago pelo contribuinte, que assiste ao teatro de Brasília sem qualquer contrapartida concreta.

Em um momento em que o país clama por reformas estruturais, por uma máquina pública mais enxuta e eficiente, o Congresso quer justamente o oposto: inchar ainda mais sua estrutura. Trata-se de uma afronta. O Brasil já abriga um dos parlamentos mais caros do mundo. Segundo dados da União Interparlamentar, o custo por deputado no Brasil supera com folga o de democracias consolidadas como Alemanha, Reino Unido e França. Nestes países, o número de representantes é proporcional à população, e os gastos são severamente controlados.

Para se ter uma ideia, os Estados Unidos — com mais de 340 milhões de habitantes — possuem apenas 435 deputados federais. Já o Brasil, com menos da metade dessa população, pode chegar a ter mais de 550 parlamentares se essa proposta absurda for adiante. Em vez de buscar eficiência, a Câmara busca privilégios. Em vez de ouvir a população, ela ensurdece diante da realidade.

É escandaloso que, em pleno 2025, com a população sufocada por impostos e abandonada em filas do SUS, sem creches, sem segurança e sem saneamento, a preocupação de parte dos congressistas seja com a criação de mais cargos políticos. Isso é mais do que desconexão: é deboche.

O povo brasileiro não aguenta mais ser tratado como financiador de castas. O que Brasília precisa é de menos políticos e mais compromisso com o bem comum. Aumentar o número de deputados é dizer, sem disfarces, que o sistema está viciado e que os interesses da população foram novamente atropelados. É perpetuar um modelo de poder concentrado em poucos, alimentado por muitos, e comprometido com quase ninguém.

O Brasil precisa de reformas sérias, e não de mais cupins no coração da democracia

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