De "Fiscal 24h" a "Algoz 24h" dos Enfermeiros: Jhony Bezerra impõe mudanças prejudiciais à categoria na PB Saúde



O ex-candidato a prefeito derrotado, em Campina Grande, e atual presidente da PB Saúde, Jhony Bezerra, aquele que, após a derrota, adotou o slogan de "Fiscal 24h", agora assume o papel de "Algoz 24h" da categoria dos enfermeiros. As mudanças propostas por sua gestão na jornada de trabalho dos profissionais das unidades hospitalares do estado causam grande preocupação e revolta entre os trabalhadores da saúde.

O Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB) manifestou preocupação com as alterações propostas pela PB Saúde, que impactam diretamente a rotina profissional e a qualidade da assistência prestada aos pacientes. A mudança nas escalas de plantão tem sido alvo de críticas da categoria, que vê nos ajustes um retrocesso e um desrespeito às condições de trabalho dos enfermeiros.

Desde o ano passado, a PB Saúde vem discutindo a alteração da jornada de trabalho dos enfermeiros, que anteriormente seguiam uma escala de 24 horas de trabalho para 96 horas de descanso. A proposta inicial sugeria um regime de 12 por 36 horas, mas recentemente uma nova proposta foi apresentada, reduzindo o descanso para 72 horas após um plantão de 24 horas. Essa mudança, segundo o Coren-PB, representa um acréscimo de um plantão semanal na carga de trabalho dos profissionais, impactando diretamente sua rotina e organização pessoal.

Outro ponto de preocupação levantado pelo Coren-PB diz respeito aos novos concursados da PB Saúde. A proposta apresentada prevê que os profissionais admitidos até dezembro de 2024 possam manter a escala de 24 por 72 horas, enquanto os recém-ingressos no sistema serão submetidos à jornada de 12 por 36 horas. Além disso, enfermeiros transferidos para seus municípios de origem também terão que aderir ao regime de 12 por 36 horas, o que, segundo o conselho, desconsidera a logística dos trabalhadores e dificulta a manutenção legal de múltiplos vínculos empregatícios.

As mudanças propostas também afetam benefícios financeiros e administrativos da categoria. A Bolsa Incentivo, atualmente concedida aos enfermeiros, passaria a ser incorporada ao contracheque, tornando-se passível de tributação pelo Imposto de Renda. Outra alteração envolve a entrega de atestados médicos, que precisariam ser apresentados presencialmente em um prazo de 48 horas, mesmo em unidades que não possuem um setor específico para esse tipo de procedimento. Para os profissionais que residem longe dos locais de trabalho, essa exigência representa um grande entrave.

O Coren-PB ressaltou que, embora não seja a entidade responsável por negociar diretamente com a PB Saúde, mantém uma postura firme na defesa dos direitos dos enfermeiros. A entidade destaca que as mudanças desconsideram a realidade de muitos profissionais, especialmente os que trabalham no interior do estado e enfrentam longas jornadas de deslocamento para prestar assistência nas unidades hospitalares.

A proposta da PB Saúde, segundo o Coren-PB, não leva em conta a estrutura de trabalho dos profissionais nem a necessidade de um descanso adequado para garantir a qualidade do atendimento. A entidade reforça sua posição contrária à redução dos períodos de descanso e alerta para os impactos negativos que a nova escala pode gerar na saúde dos enfermeiros e na assistência aos pacientes.

A entrevista foi concedida pela presidente do Coren, Rayra Beserra, à Campina FM, nesta quinta-feira, 20.


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1 Comentários

  1. Excelente matéria! Afinal, nada mais justo do que dar voz aos colaboradores, que diariamente são calados ou simplesmente ignorados nas redes sociais. É incrível como as respostas sempre vêm acompanhadas de um tom evasivo, terceirizando uma responsabilidade que claramente é unilateral. Agora, com quase três anos utilizando a mesma escala que funcionava perfeitamente, vem a PB Saúde tentando jogar a culpa no TCU, como se a gente não soubesse que isso está longe de ser verdade.

    Enquanto isso, os enfermeiros, pilares fundamentais desse sistema, estão adoecendo. Não só fisicamente, mas também psicologicamente, diante das pressões absurdas, incertezas e dessas mudanças completamente sem sentido. Como se a escala atual não fosse eficaz! Pelo contrário, ela sempre funcionou, e o próprio ex-superintendente, agora secretário de saúde, destacava em eventos que essa escala era um modelo de valorização dos funcionários. Lembram quando ele falava que as cargas horárias seriam complementadas com cursos e ações para melhorar o serviço? Pois é, também me pergunto: **o que mudou?**

    A enfermagem segue lutando porque sabe da importância dessa mão de obra para a continuidade do serviço. Mas é revoltante ver como a gestão parece ignorar isso, com decisões descabidas e sem nenhum embasamento lógico. Parece que, para quem está no comando, a valorização virou apenas discurso vazio. Afinal, o que realmente importa para eles? Porque, para a gente, está bem claro quem mantém o sistema de pé.

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