Caprinocultura: dois queijos da Paraíba conquistam medalhas em competição internacional

 

Atendidos pelo Sebrae, os produtores responsáveis são do cariri e enfatizam o potencial da região

Dois empreendedores atendidos pelo Sebrae/PB, dos municípios de Sumé e São João do Cariri, conquistaram no último final de semana duas medalhas no concurso Mundial do Queijo do Brasil 2024. Realizada em São Paulo, a competição tem a proposta de fomentar a cultura queijeira no país e está em sua terceira edição. Os dois produtos paraibanos receberam medalha de ouro e de bronze e foram criados a partir do leite de cabra.  

O primeiro deles, que recebeu a medalha de ouro, foi o queijo de coalho de leite de cabra produzido pelo Laticínio Agubel. Localizado em Sumé e em atividade desde 2004, ele é administrado pela Associação Gestora da Usina de Beneficiamento de Lácteos e conta com 23 produtores associados.

“Só em participar de um evento de tão grande relevância para o setor de queijos e derivados já é muito valioso para nós, pelas avaliações que recebemos dos jurados, que são mestres nacionais e internacionais. E, além disso, receber uma medalha de ouro é o reconhecimento de muito trabalho e da dedicação do laticínio e dos produtores, que fornecem um leite de excelente qualidade”, enfatizou a empreendedora Aurinete Melo.

Ainda de acordo com ela, o Laticínio Agubel também trabalha em parceria com associações de produtores de mais seis municípios do cariri, fabricando outros quatro tipos de queijo e também leite de cabra pasteurizado. “O Sebrae já vem desenvolvendo trabalhos com os produtores e com o laticínio há alguns anos, incluindo um trabalho muito importante para o fortalecimento da produção do queijo, que foi o projeto para certificação e registro junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária”, acrescentou Aurinete, ao destacar a contribuição da instituição para a profissionalização do laticínio.

Por sua vez, o empreendedor Renato Brito, do Capril Encanto da Macambira, em São João do Cariri, conquistou a medalha de bronze no Mundial com um queijo tipo reino, igualmente produzido a partir do leite de cabra. “É um queijo cuja produção não é tão habitual com leite de cabra. Eu a comecei em 2016, depois de um curso, e o resultado foi muito satisfatório”, explica o empreendedor, que também fabrica outros tipos de queijos artesanais com o leite de cabra, incluindo versões temperadas com condimentos regionais.

Para Renato, além do reconhecimento proporcionado pelo concurso, a medalha também simboliza o potencial da caprinocultura no cariri. “É importante demais para mim, para a minha região e o meu estado participar de um concurso mundial, competindo com outras pessoas e regiões que já têm tradição na produção de queijos. Isso é muito gratificante e emocionante, pois é algo feito com tanto carinho, amor e de forma artesanal”, pontuou o produtor, que já participou de cursos promovidos pelo Sebrae e também contou com o apoio da instituição para o registro de sua marca.  

Valorização e estímulo – Também reforçando a importância econômica e social da caprinocultura para o cariri, o analista técnico do Sebrae/PB, João Bosco da Silva, explicou que a instituição atua para potencializar essa vocação, de modo a gerar emprego, renda e mais oportunidades na região.  “É um trabalho que a gente realiza desde o Pacto Novo Cariri, quando não tínhamos sequer uma xícara de leite de cabra sendo produzida com finalidade comercial. E agora, anos depois, nós somos o maior produtor de leite de cabra do Brasil. Isso é resultado de um trabalho feito a várias mãos, do Sebrae e de vários parceiros envolvidos”, comentou o analista.

Ele também destacou que para estimular ainda mais essa cadeia produtiva, especialmente a fabricação de queijos artesanais e de outros derivados do leite de cabra, o Sebrae/PB continua realizando consultorias e capacitações, que contemplam desde aspectos técnicos da produção até questões burocráticas para a obtenção dos selos de inspeção sanitária.

“Esse trabalho é muito importante porque valoriza os produtos locais, além de demonstrar que estamos no caminho correto e que os frutos estão chegando. A nossa meta, agora, é conseguir certificar ainda mais queijarias, para que elas também participem dos concursos e tragam cada vez mais medalhas para o nosso estado”, concluiu João Bosco.


 

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