‘Ele batia na gente e só sossegava quando via sangue’, diz mulher que vivia em abrigo de pastor no Grande Recife



Eddy de Jesus foi preso, nesta quarta (16), por agressões físicas e psicológicas contra mulheres e crianças atendidas em abrigo para dependentes químicos, no Cabo.


“Esse homem é um psicopata, é um monstro. Ele batia na gente e só sossegava quando via sangue escorrendo”. São com essas palavras que uma das mulheres que estava internada na casa de recuperação Chácara Jovem Resgate descreve o Pastor Edy de Jesus. Ele foi preso, nesta quarta-feira (16), suspeito de praticar violência física e psicológica, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. (Veja vídeo acima)

Na terça-feira (15), doze pessoas prestaram depoimento, sendo nove mulheres e três crianças, que relataram as agressões vividas no abrigo. Segundo a Polícia Civil, o local não tinha autorização para funcionar.

Para a jovem de 22 anos, que não quis se identificar, os cinco meses de internamento na chácara foram traumáticos.

"Eu passei noites de terror lá. Estou muito assustada com essa situação. O que ele fazia com a gente, não se faz nem com um bicho. Ele é muito agressivo. 'Dava' de mangueira, de barrote. Ele já agrediu até meus dois filhos, um de 5 e um de 3 [anos]", afirma a vítima.

A irmã dela, de 20 anos, também passou pela unidade de tratamento. Ela conta que apanhou, ficou sem comer e foi obrigada a dormir em um quarto sem luz e com cobras.

"Lá era um tratamento, mas nem parecia. A gente deveria ser tratada e não maltratada. Eu era uma das vítimas que ia para o quatro das cobras. Eu já passei dois dias lá sem comer e sem lâmpada. Ele batia na minha cara, eu fui algemada e tudo", diz a jovem.

As duas explicam que eram ameaçadas para não contar aos parentes o que acontecia. Quando o contrariavam, elas relatam que apanhavam e recebiam castigos, como proibição de visitas ou ligações.

“Quando nossa família chegava, a gente não tinha nem oportunidade [de contar o que acontecia], porque ele ameaçava que se a gente falasse, a gente ia pagar quando nossa família saísse”, diz uma das vítimas.

A mãe das garotas conta que ninguém esperava que algo assim pudesse acontecer e que as filhas estão traumatizadas. A família pede justiça.

"Na frente da gente, ele demonstrava ser uma ótima pessoa. Mas tudo é uma farsa. Ele não é pastor, é um impostor. Já chorei muito, pedi muito perdão à Deus, porque eu botei minhas filhas lá para se tratarem, se recuperarem e saírem bem. Não para serem maltratadas e espancadas", afirma.

Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, as investigações tiveram início a partir de informações repassadas pelo Conselho Tutelar do município, na segunda-feira (14).

G1

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