Por Renato Cunha Lima Filho
A humanidade convive com um novo drama e não bastando todos os conflitos do mundo real, agora inventamos um mundo virtual para projetar nossos desejos, sonhos e também, nossos fantasmas.
Com a pandemia tudo ficou mais grave e muita gente, sobretudo os mais jovens, ainda mais aqueles que nasceram no mundo “digital”, que vivem mais o mundo virtual que o mundo real.
Uma constatação, um alerta de uma patologia, de uma doença que pode ser vista como geracional, mas que pode ser percebida em pessoas de todas as idades.
O mundo idealizado nas redes sociais é belo, perfeito, feliz, bem sucedido e muita gente, como compulsão, com uma ansiedade incrível, passa horas em busca de novos seguidores, de curtidas, de “lacrar”, de “mitar”.
Não conseguimos mais lidar com as frustrações, com a ridicularização, nem mesmo com a discordância, com a divergência.
Uma dependência de aceitação que nos faz criar aquários, bolhas, nosso mundo virtual.
Agora imaginem tudo isso na adolescência, onde a pessoa naturalmente é mais sensível, inseguro, imaturo e sujeito as variações abruptas de humor.
As redes sociais amplificaram nosso alcance nas interações interpessoais, mas seguimos pessoas de carne e osso com sentimentos. Dou pro visto a profusão de sinapses para assimilar tanto bombardeio de informações. É uma espécie de overdose que estimulam nossas químicas biológicas.
Para além de nossas vontades, para piorar tudo, ainda somos perseguidos, vigiados pela inteligência artificial, sem a nossa autorização e neste estupro virtual nossos adolescentes e crianças estão ainda mais vulneráveis.
Não pensem que é bobagem, nem mimimi, vivemos um cenário de caos pandêmico que está adoecendo e matando pessoas.
Nossa mente, nossa psique não está preparada para essa exposição e bombardeio e hoje qualquer zoação pode desencadear até a morte de alguém.
— Já percebeu ninguém mais tem apelidos, ninguém pode fazer mais piada com nada? Não podemos considerar isso normal, não éramos tão frágeis assim.
O desabafo da mãe, Walkyria Santos, que enfrenta o pior dos dramas, me comoveu, sou pai e a proximidade com o dia dos pais me fez ficar ainda mais reflexivo.
Não resta dúvidas que precisamos iniciar esse debate de forma ampla e profunda, sobretudo para proteger os mais vulneráveis, nossas crianças e adolescentes.
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