Maranhão deverá “riscar” do seu dicionário a expressão “governador”


Tríplice coroado, mas já com duas derrotas no currículo e com idade avançada, o senador José Maranhão (MDB) deverá pendurar as chuteiras da atividade política quando concluir o atual mandato parlamentar, em 2022. No pleito a governador da Paraíba, este ano, ele começou liderando pesquisas de opinião pública mas perdeu combustível no meio do caminho e ficou em terceiro lugar, abaixo do eleito, João Azevedo (PSB) e do segundo colocado, Lucélio Cartaxo (PV). Além do desgaste natural inerente ao exercício da política por cerca de meio século, Maranhão sofre restrições dentro do próprio partido, pelo seu esvaziamento – não terá um representante na Câmara Federal em 2019 e contará apenas com um deputado estadual reeleito, Raniery Paulino.
Com raízes políticas no Brejo, mais especialmente na região de Araruna, empresário e piloto de avião, Maranhão teve iniciação política na década de 50 como deputado à Assembleia, exerceu a deputação federal (foi cassado pelo regime militar devido aos seus laços com a Frente Parlamentar Nacionalista e com setores de esquerda) e ascendeu ao governo do Estado em 1995 com a morte de Antônio Mariz, que o escolhera candidato a vice na chapa do então PMDB. Passou a empreender um governo marcado pela “austeridade e desenvolvimento” e criou em torno de si a aura de “Mestre de Obras”, em razão do empenho para promover o desenvolvimento através da agricultura, indústria e infraestrutura. Em 98, beneficiado com a aprovação da emenda da reeleição, decidiu tirar a prova dos noves e batalhou pela indicação como candidato dentro do então PMDB. Enfrentou disputas internas com o grupo Cunha Lima, assegurou o controle do partido e a homologação da candidatura, tendo como vice Roberto Paulino, também originário do Brejo.
Em 2002, elegeu-se senador mas logo em 2006 candidatou-se novamente a governador no PMDB, tendo como vice Luciano Cartaxo, que era filiado ao PT. A chapa foi derrotada por Cássio Cunha Lima, já então no PSDB, tendo como vice José Lacerda Neto. A oposição questionou a legitimidade da vitória de Cássio, entrando com recursos que pediam a cassação da chapa por suposta conduta vedada e improbidade administrativa. A batalha foi demorada nos tribunais e cercada pelo vai e vem de recursos e embargos declaratórios. Cássio passou a governar dependurado numa liminar, até que em fevereiro de 2009 o TSE proclamou a cassação da chapa, determinando a investidura de Maranhão e de Luciano, que era deputado estadual. O mandato-tampão foi cheio de atropelos. A própria posse foi retardada na Assembleia porque se aguardava liminar do Supremo determinando eleição indireta. Maranhão tomou posse, inicialmente, no Tribunal Regional Eleitoral. No discurso redigido às pressas, o atual senador reconhecia que o fator tempo seria seu maio adversário. E, na falta de transição, ele e equipe tatearam no escuro por algum tempo em busca de subsídios sobre a herança deixada por Cássio.
A afirmação antecipada de que seria candidato à reeleição provocou ruídos no PMDB e na base aliada maranhista, abespinhando o então prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo (hoje no PSB), que aspirava a indicação. Maranhão tratorou os dissidentes peemedebistas e foi registrado, tendo como vice Rodrigo Soares, que era presidente estadual do PT. Enfrentou aí sua primeira derrota ao governo, para Ricardo Coutinho (PSB), liderança emergente, apoiado por Cássio Cunha Lima (PSDB) e Efraim Morais (DEM). Em 2014, Maranhão se aliou a Ricardo para, juntos, derrotarem Cássio, o que aconteceu. Obteve, então, a única vaga de senador em jogo. Agora, em 2018, concorreu novamente ao Palácio da Redenção tendo como vice um filho do deputado federal Wellington Roberto (PR), Bruno Roberto. A chapa não teve força para provocar, sequer, o segundo turno. Ao concluir o mandato de senador, Maranhão vai estar dando adeus à política, uma de suas grandes paixões, segundo acreditam aliados e adversários.


OsGuedes

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