Planalto esquece de registrar saída de Dilma



Galeria com retratos dos presidentes ignora Michel Temer e não informa que petista foi afastada do cargo há 2 anos

Há mais de dois anos afastada do cargo, Dilma Rousseff ainda é presidente em exercício do país —pelo menos em espaços cerimoniais do Palácio do Planalto da gestão Michel Temer.

Apesar de a petista ter sofrido impeachment em 2016, sua saída não foi registrada na galeria oficial de retratos dos presidentes, localizada na entrada do palácio, de onde despacha o emedebista que herdou seu cargo.

No memorial, que apresenta todos os mandatários do país desde a Proclamação da República, consta apenas a data de entrada de Dilma, em janeiro de 2011.

A imagem da petista, em preto e branco, também é a última na sequência de retratos expostos na galeria presidencial, deixando um espaço para a fotografia de Temer, que ainda não foi pendurada.

Procurado pela Folha, o Palácio do Planalto informou que o espaço dedicado à história da Presidência da República está "em processo de reformulação", com a inclusão de "atualizações".

A expectativa é de que seja registrada a data de saída da petista até o final de julho. O retrato de Temer, contudo, ainda não será colocado.

Os últimos governos optaram por só pendurar a imagem do mandatário em exercício quando ele deixa o cargo.

Em 2011, logo após a posse da então presidente, um retrato colorido de Dilma chegou a ser incluído na galeria presidencial, mas a petista pediu, à época, que ele fosse retirado.

Cinco anos depois, Temer cogitou colocar a própria imagem no memorial, segundo informaram assessores presidenciais, mas, assim como Dilma, acabou desistindo.

Não é a primeira vez que o Palácio do Planalto deixa desatualizada a galeria de presidentes. Até janeiro do ano passado, não havia sido registrada a morte de Itamar Franco (1992-1994), ocorrida em julho de 2011.

A atualização só foi feita após a Folha noticiar que tanto Dilma como Temer esqueceram de fazer o registro, apesar de ambos terem comparecido ao velório do ex-presidente.

Na época, o emedebista chegou a divulgar nota pública lamentando a morte: "Por sua obra inatacável, Itamar Franco merece o respeito e o agradecimento de todos brasileiros", disse.

Na mudança da galeria dos presidentes, será incluído ainda o retrato de Pedro Aleixo, que foi vice-presidente de Costa e Silva (1967-1969). Ele deveria ter assumido o cargo quando o então presidente sofreu um derrame e foi afastado.

Na ocasião, a cúpula militar, no entanto, impediu que ele tomasse posse por ser um civil e formou uma junta de militares para governar o país.

Em 2011, um projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional garantiu a Aleixo o título de presidente e determinou a sua inclusão no memorial do Palácio do Planalto, o que não foi feito até hoje.

Como ele não posou para um retrato oficial, como os demais presidentes, a equipe presidencial tem buscado uma fotografia dele que possa ser utilizada.

Folha de São Paulo

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