Ruy Carneiro critica decisão do STF que permite nomeação de familiares em cargos políticos: “Quando o poder vira cabide de emprego, quem paga a conta é o povo”


O deputado federal Ruy Carneiro se manifestou publicamente contra a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que formou maioria para permitir que familiares de autoridades possam ocupar cargos de natureza política, como secretários estaduais e municipais. Para o parlamentar, a medida representa um grave retrocesso na luta contra o nepotismo e fere princípios básicos da moralidade e impessoalidade administrativa.

“Quando o poder vira cabide de emprego, quem paga a conta é o povo. Sou contra o nepotismo, e sempre fui. Desde os tempos de deputado estadual lutei pra acabar com esse privilégio, e essa luta virou lei”, declarou Ruy.

O deputado relembrou o início de sua trajetória política na Paraíba, destacando o papel pioneiro do estado na criação de uma legislação específica contra o nepotismo, ainda no governo de Cássio Cunha Lima. Segundo ele, essa conquista foi fruto de pressão popular e do apoio da imprensa, que denunciaram casos em que parentes de autoridades ocupavam cargos em série.

“Naquela época, só pra você ter uma ideia, tinha deputado que tinha dez familiares no gabinete. Todas as mulheres de desembargador eram chefes de gabinete na Paraíba. Isso era uma prática comum. Nós começamos essa luta com o apoio da mídia, e ela avançou até que a Paraíba foi o primeiro estado do Brasil a aprovar uma legislação contra o nepotismo”, recordou.

Ruy criticou duramente a interpretação do Supremo de que cargos de secretários seriam de natureza “política” e, portanto, não configurariam nepotismo. Ele considera essa leitura “completamente equivocada”, apontando que a nomeação de familiares para funções estratégicas pode gerar conflitos de interesse e comprometimento da gestão pública.

“O STF entende que o cargo de secretário é político, não administrativo. Então, um governador pode nomear a filha como secretária, mas não poderia nomeá-la como diretora. Acho isso extremamente errado. Imagine um governador indicando o filho para a Secretaria de Finanças, o governador autoriza e o filho paga. É um equívoco completo”, afirmou.

Ruy afirmou que continuará defendendo a moralidade e a impessoalidade no serviço público. Para ele, permitir o monopólio familiar do poder público compromete a confiança da população nas instituições e abre precedentes perigosos para o enfraquecimento da ética na política.

“Permitir que uma família monopolize o poder público compromete a moralidade, a impessoalidade e afronta a confiança da população”, concluiu.

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