Secretária parlamentar que atuava como fisioterapeuta e outras servidoras com jornadas incompatíveis receberam salários públicos; exonerações foram anunciadas após repercussão.
Uma apuração jornalística revelou que a Câmara dos Deputados gastou R$ 807,5 mil em salários, ao longo de oito anos, para remunerar Gabriela Batista Pagidis, registrada desde junho de 2017 como secretária parlamentar no gabinete do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo reportagem do portal Metrópoles, embora lotada no Congresso, Gabriela trabalhava como fisioterapeuta em duas clínicas privadas de Brasília e não exercia funções parlamentares.
Na última semana, Gabriela foi observada atuando às segundas e quartas-feiras no Instituto Costa Saúde, na Asa Norte; às terças e quintas, no Centro Clínico Bandeirantes, no Núcleo Bandeirante; e, na sexta-feira, esteve em atividades pessoais, sem expediente na Câmara. Conforme a Câmara, não há controle de ponto obrigatório para servidores com crachá, sendo a responsabilidade de frequência atribuída ao gabinete parlamentar.
Outros dois casos semelhantes vieram à tona. Louise Lacerda, estudante de medicina em regime integral em João Pessoa, aparece como secretária parlamentar desde 2018, apesar de a carga horária acadêmica ser incompatível com o cargo público. Já Monique Magno, assistente social na Prefeitura de João Pessoa com jornada de 30 horas semanais, figura na folha da Câmara desde 2019, acumulando cargos de maneira proibida pela legislação.
Após a repercussão das denúncias, Gabriela Pagidis e Monique Magno foram exoneradas do gabinete. Em nota, a assessoria de Hugo Motta declarou que o deputado “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários, incluindo os que atuam de forma remota, conforme as normas da Câmara”.
As revelações ocorrem em um momento delicado para Hugo Motta, atual presidente da Câmara, e acendem o debate sobre transparência no uso de recursos públicos e fiscalização de servidores no Legislativo.
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