Secretaria da Mulher da PB: uma dualidade e seletividade repugnante no combate à violência contra a mulher


A violência contra a mulher é um tema que exige atenção contínua e ações incisivas por parte das autoridades. Contudo, a abordagem desse problema muitas vezes revela padrões discrepantes e, em alguns casos, pode ser influenciada por questões partidárias, o que é extremamente preocupante. Dois recentes episódios de agressão a mulheres, um em nível municipal e outro em nível estadual, ilustram essa preocupante dualidade.

No primeiro caso, o servidor municipal Gutenbergue de Almeida Luna Neto, de Campina Grande, foi acusado de agredir duas mulheres durante um evento público. A secretária da Mulher e da Diversidade Humana da Paraíba, Lídia Moura, foi rápida e enérgica em sua condenação, cobrando ações da Prefeitura de Campina Grande e destacando a gravidade do incidente, especialmente por envolver um servidor público em um evento da própria prefeitura.

Por outro lado, a reação da mesma secretaria em casos de agressão envolvendo figuras políticas de maior projeção, como o deputado Aguinaldo Ribeiro, tem sido menos visível. Aguinaldo Ribeiro foi acusado de violência física, psicológica, moral e patrimonial por sua ex-mulher, Ana Rachel. Apesar da gravidade das acusações e do uso da Lei Maria da Penha para pedir medidas protetivas, a cobrança pública de providências por parte da Secretaria Estadual da Mulher não foi tão enfática quanto no caso municipal.

Essa diferença de tratamento suscita questões fundamentais sobre a influência de fatores partidários na gestão de casos de violência contra a mulher. Será que o silêncio relativo no caso do deputado Aguinaldo Ribeiro se deve a questões políticas? É inaceitável que a gravidade das agressões seja relativizada dependendo da posição ou afiliação partidária dos supostos agressores.

A responsabilidade das autoridades, especialmente das secretarias dedicadas à proteção das mulheres, é agir de maneira uniforme e determinada contra todas as formas de violência, independentemente do status ou influência do agressor. A sociedade espera uma postura isenta e proativa, que não permita que interesses políticos prejudiquem a luta pela justiça e segurança das mulheres.

A atitude da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana ao condenar rapidamente as ações do servidor municipal é louvável e necessária. No entanto, o mesmo rigor e celeridade devem ser aplicados em todos os casos, inclusive aqueles que envolvem figuras políticas de destaque. A violência contra a mulher é uma violação grave dos direitos humanos e deve ser tratada com a mesma seriedade e urgência em todas as esferas e contextos.

A sociedade não pode tolerar a seletividade no combate à violência de gênero. As vítimas, sejam elas quem forem, merecem igual proteção e justiça. As autoridades devem reafirmar seu compromisso com a igualdade de tratamento e a luta contra todas as formas de violência, sem permitir que influências partidárias distorçam essa causa nobre.
 
 
Simone Duarte

Postar um comentário

0 Comentários