Caso Rhuan: assassina disse que carne do filho em churrasqueira tinha “cheiro bom”

 


Sentença proferida nesta quarta, revela crueldade das mulheres que mataram garoto de 9 anos


A narrativa da curta vida do menino Rhuan Maycon da Silva Castro – morto cruelmente aos 9 anos, em maio de 2019 – teve fim na noite dessa quarta-feira (25/11), quando o juiz Fabrício Castagna Lunardi proferiu, no Tribunal do Júri de Samambaia, a sentença imposta às assassinas da criança. A mãe do menino, Rosana Auri da Silva, e a companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago, foram condenadas a 65 e 64 anos de reclusão, respectivamente. Ambas cumprirão a pena em regime fechado.

Na sentença estão expostos detalhes de um crime hediondo e “friamente premeditado”, conforme as palavras do magistrado. Eles serão contados pela primeira vez, visto que o processo correu, desde o início, em segredo de Justiça: razão pela qual o julgamento também correu a portas fechadas, no Fórum de Samambaia.

NO DOCUMENTO, O JUIZ DESTACA A “FRIEZA EMOCIONAL, COMPORTAMENTO CALCULISTA E INSENSIBILIDADE EXACERBADA” DAS RÉS, EM ESPECIAL DE ROSANA. SEGUNDO O TEXTO, DESDE O COMEÇO DAS INVESTIGAÇÕES, A MÃE DE RHUAN TERIA PRESTADO AFIRMAÇÕES “PERMEADAS DE INVERDADES E INCOERÊNCIAS”, ALÉM DE USAR “TÉCNICAS DE MANIPULAÇÃO E TEATRALIDADE, COLOCANDO-SE NA POSIÇÃO DE VÍTIMA”.

A descrição desse traço de personalidade da assassina foi fornecida pelas equipes de médicos legistas que atuaram no caso.

A RÉ [ROSANA] NÃO DEMONSTROU ARREPENDIMENTO, REMORSO OU EMPATIA COM A VÍTIMA, O QUE EVIDENCIA UM DESVIO DE PERSONALIDADE QUE DEVE SER VALORADO NEGATIVAMENTE… O NÍVEL DE PERVERSIDADE DA RÉ ROSANA É TAMANHO QUE, AINDA NO LOCAL DO HOMICÍDIO, AO SER PERGUNTADA PELO DELEGADO ‘VOCÊS COMERAM A CARNE DA CRIANÇA?’, RESPONDEU A ELE: ‘NÃO, MAS O CHEIRO ESTAVA BOM’

TRECHO DA SENTENÇA PROFERIDA PELO JUIZ FABRÍCIO CASTAGNA LUNARDI

As duas mulheres queimaram partes do corpo do garoto na churrasqueira da chácara onde a família morava, em Samambaia, na tentativa de se livrarem do cadáver. A companheira de Rosana acendia o fogo enquanto a mãe degolava a criança ainda viva, depois de esfaqueá-la outras 11 vezes, segundo aponta o laudo dos legistas. Esse teria sido o ápice de toda uma vida de sofrimentos infligidos pelas duas mulheres ao garoto e a sua irmã.

Rhuan Maycon era impedido de ir a escola, alienado do convívio com o restante da família e obrigado a se mudar constantemente, já que as duas mulheres fugiam da lei enquanto o pai das crianças desesperadamente buscava resgatar os pequenos. Pior, o garoto foi torturado e teve o pênis decepado numa falectomia caseira, um ano antes de morrer pelas mãos da mãe e da madrasta. Antes de fazer a cirurgia, as duas criminosas teriam pesquisado na internet “como extrair pênis e testículos”, segundo a sentença.

SOBRE ESSE ATO DE CRUELDADE, ASSIM NARROU O JUIZ: “A VÍTIMA SOFRIA DE DORES LANCINANTES E DESCONFORTO PROLONGADO AO URINAR, DESDE O DIA DA LESÃO ATÉ A SUA MORTE […] OU SEJA, PARA URINAR, A BEXIGA DA VÍTIMA PRECISAVA ENCHER MUITO, SENDO QUE ELA URINAVA POR GOTEJAMENTO, SENTINDO UMA DOR INIMAGINÁVEL, POR UM PEQUENO ORIFÍCIO”.

Julgamento

De acordo com o Ministério Público, Kacyla permaneceu em silêncio durante o julgamento na tarde dessa quarta, além de assumir a autoria do crime, negando participação da companheira. No entanto, ela e Rosana já tinham confessado o assassinato e tentativa de se livrar do corpo do menino. Ambas cumpriam prisão preventiva na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia.

A dupla esquartejou Rhuan, perfurou seus olhos e dissecou a pele do rosto. Elas também tentaram incinerar partes do corpo, na churrasqueira de casa, com o intuito de destruir o cadáver e dificultar o seu reconhecimento. A fumaça produzido pelo corpo carbonizado fez com que elas desistissem do plano e jogassem os restos mortais, distribuídos em duas mochilas e uma mala, numa boca de lobo – testemunhas desconfiaram e chamaram a polícia.

O corpo do menino foi enterrado em Rio Branco (AC), em 5 de junho de 2019, sob clima de comoção e pedidos de Justiça. Ao saber do resultado do julgamento da ex-mulher e de sua companheira, o pai de Rhuan, Maycon Douglas Lima de Castro, que mora no Acre, afirmou  “Ainda é pouco“.


JornalTimesBrasilia


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