7 em cada 10 brasileiros dependem do SUS para tratamento, diz IBGE

 

SUS é o único atendimento de saúde para mais de 70% da população
(Photo by Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images)

Sete em cada dez brasileiros dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) para atendimentos de saúde, revelou uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referentes a 2019. 

Esse número representa mais de 150 milhões de pessoas, ou seja, 74% da população têm no sistema público de saúde sua única possibilidade para atendimento hospitalar, tratamentos e outros serviços de saúde.

No ano passado, portanto antes da crise causada pela pandemia do coronavírus, apenas 28,5% da população do país, ou 59,7 milhões de pessoas, possuíam algum plano de saúde, seja médico ou odontológico. Entre os que possuem apenas planos médicos, a proporção cai para 26%. 

"As estimativas da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 apontam, também, uma relação direta entre a cor ou raça e nível de instrução e a cobertura de plano de saúde, destacando-se, nesse sentido, as pessoas brancas ou com ensino superior com as maiores proporções de cobertura", diz o IBGE.

Não houve mudança significativa nos dados em comparação à última pesquisa sobre o tema, publicada em 2013 pelo IBGE. 

Na população com renda mais baixa, com rendimento mensal de até um quarto de salário mínimo (cerca de R$ 250), somente 2,2% tinham plano de saúde médico. Já na faixa de mais de cinco salários mínimos (mais de R$ 5 mil), 86,8% tinham plano.

Além disso, a pesquisa mostra a desigualdade entre as regiões do Brasil: Sudeste, Sul e Centro-Oeste registram maiores proporções de pessoas com planos de saúde, enquanto que Norte e Nordeste têm as menores proporções de cobertura dos planos de saúde complementar.

São Paulo e o Distrito Federal apresentam proporções de pessoas com planos médicos particulares muito acima da média nacional, sendo 38,4% e 37,4%, respectivamente. 

Dentre as menores proporções, estão os estados do Maranhão (5%), Roraima (7,4%), Acre (8,3%) e Amapá (8,7%).

"A gente viu que [a proporção de planos de saúde] está diretamente relacionada com o rendimento das pessoas. O plano de saúde é um serviço de luxo, um serviço caro, e, quando a gente tem o SUS para atender, o plano não é a prioridade quando a pessoa tem de fazer escolhas", diz a pesquisadora do IBGE Maria Lucia França Pontes Vieira, que é coordenadora de trabalho e regimento da pesquisa.

O IBGE também verificou que “quanto mais elevado o grau de instrução, maior também a cobertura de plano de saúde, variando, abruptamente, de 16,1% (sem instrução ou com ensino fundamental incompleto) a 67,6% (nível superior completo)”.

Saneamento básico e coleta de lixo

O levantamento também mostra a desigualdade nas regiões Norte e Nordeste em relação ao acesso ao saneamento e à coleta de lixo. De cada dez residências visitadas na região Norte, por exemplo, apenas duas têm rede geral de esgoto ou fossa séptica e banheiro exclusivo. Esse percentual é de 88,7% na região Sudeste.

Neste ano, o Congresso aprovou um novo marco do saneamento, que pretende universalizar o tratamento de esgoto e água até 2033 no Brasil.

"As questões de saneamento são vitais em relação à saúde, na questão das doenças, verminoses, endemias, da água que a pessoa está bebendo", afirma Maria Lucia Vieira. "É fundamental para as questões de saúde da população que haja um planejamento. É uma obra de infraestrutura mais demorada, mais cara, que não vem avançando nos últimos anos”.

No caso da coleta de lixo, a desigualdade entre as regiões é semelhante, com as regiões Norte e Nordeste apresentando taxas menores que o restante do país. Os dados mostram que 97,1% dos domicílios tiveram coleta de lixo no Sudeste, em 2019. No Norte, 80,4% das residência tiveram coleta.



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