CRM-PB aponta suposto relato de uso de entorpecentes e prática sexual no Trauminha

 




Durante uma entrevista coletiva prestada na manhã desta sexta-feira (28Agosto2020), os médicos  Roberto Magliano de Morais (Presidente do CRM-PB) e João Alberto Pessoa (Diretor de Fiscalização do CRM-PB) anunciaram pela interdição ética dos médicos que trabalham no Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio Burity – Ortotrauma (Trauminha), em João Pessoa, a partir da 00h00m deste sábado(29Agosto2020). O procedimento não afeta os pacientes internados, mas impede novas internações.


A decisão radical pela interdição de um dos principais equipamentos de saúde da capital ocorreu, segundo o CRM-PB, após serem encontradas inconformidades durante vistoria realizada na última segunda-feira (24Agosto2020), a exemplo de vazamentos de água, falta de leitos e de medicamentos, estrutura predial e de higiene precárias, mofo, paredes sujas, infiltrações, presença de barata, falta de privacidade e de roupa de cama nos leitos, iluminação e ventilação insuficientes, falta de medicamentos, espera superior a sete dias por cirurgia, falta de condições mínimas de trabalho para os profissionais de saúde, além de escala médica incompleta nos sábados e domingos.


O Presidente Roberto Magliano pontou que as imagens que foram exibidas pela imprensa, além de relatos e testemunhos falam por si. “É inadmissível que na capital do Estado da Paraíba um Hospital daquela magnitude esteja em condições tão precárias, lastimáveis. Nós temos relatos de uso de entorpecentes dentro do Hospital e pacientes fazendo sexo nas enfermarias. Profissionais de saúde e médicos atendendo a vários setores ao mesmo tempo. Isso é absolutamente inadmissível”.


Segundo o relatório do Departamento de Fiscalização, nas condições que se encontra, o hospital traz grande risco para o atendimento à população e ao exercício profissional da medicina. Nos últimos três anos, já foram realizadas nove vistorias na unidade e uma interdição ética em um dos centros cirúrgicos.


Durante a coletiva foi informado que o CRM-PB encaminhará o relatório da vistoria à direção técnica do hospital, à Secretária de Saúde do Município, Promotoria de Justiça, Vigilância Sanitária e ao Conselho Regional de Enfermagem.


Reincidência

“Nós tentamos por diversas vezes recomendar as autoridades sanitárias que tomassem medidas mais sérias prá que o atendimento digno pudesse ocorrer naquele hospital, mas o relato daquela mãe é uma realidade diária do Hospital. Quando é um problema mínimo num dedo para um curativo, tudo bem. Mas quando se trata de um insumo necessário para a continuidade de uma cirurgia de alta complexidade, como é que fica esse paciente?. Como é que fica o médico que vai fazer aquele atendimento?“, questionou o Presidente do CRM-PB Roberto Magliano.


“E esses fatos são recorrentes. Nós já clamamos ao Ministério Público, nós já apelamos ao Prefeito, nós já apelamos ao Secretário de Saúde, nós notificamos por relatórios de fiscalização a todas essas autoridades, nós pedidos por gentileza melhorem as condições do Hospital, para que nós possamos devolver o atendimento médico prá população  que precisa. Nos últimos dois anos o CRM realizou dez pelo menos 10 fiscalizações ao Hospital e todas as 10 fiscalizações nós fizemos um relatório e encaminhamos ao Secretário de Saúde e ao Prefeito de João Pessoa e solicitamos providencias e infelizmente de lá para cá as providencias não só foram resolvidas como também os Hospital só tem piorado na qualidade e na assistência. É só perguntar aos pacientes que estão internados, a população de João Pessoa e saber se está satisfeita com o atendimento que recebe no trauminha de Mangabeira‘.


Com relação ao prazo para reabertura, o médico afirmou: “quem vai dar é o Prefeito e o Secretário de Saúde. Tão logo ele corrija os graves problemas que ali existam nós vamos desinterditar a atuação dos médicos naquele Hospital”.


Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa reportou-se:


*NOTA*

Sobre a interdição ética dos médicos que atuam no Complexo Hospitalar de Mangabeira Tarcísio de Miranda Burity (Ortotrauma) pelo Conselho Regional de Medicina (CRM):

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a direção do Complexo Hospitalar não receberam oficialmente a notificação de interdição; 

 O relatório recebido da visita realizada pelo CRM no dia 25/08 está sendo respondido dentro do prazo definido pelo Conselho, inclusive a escala médica do mês solicitada foi entregue à instituição na última quinta-feira (27). As demais questões tratadas no relatório também já estão sendo respondidas, cumprindo os prazos definidos; 

Por fim, a SMS reforça que essa interdição implica em grande perda para a população, que fica impedida de receber atendimento em todas as especialidades médicas que atendem no Complexo Hospitalar de Mangabeira. Ou seja, ficarão desassistidos todos que busquem o serviço como pacientes vítimas de acidentes de trânsito, em parada cardíaca, com transtornos psiquiátricos, pacientes de UTIs e outros.

O hospital é referência no Estado da Paraíba em cirurgia de urgência e emergência de áreas abaixo do cotovelo e abaixo do joelho, conforme pactuação firmada com o Ministério da Saúde, atendendo pacientes de João Pessoa e da primeira macrorregião do estado. Neste ano, já foram realizados 46.886 atendimentos e mais de 3.700 cirurgias.

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