Olfato é um dos principais prejudicados com o Covid-19

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Imagina você de uma hora para outra perder toda a sua capacidade de sentir o cheiro e o gosto das coisas. A cada dia que passa, esse sinal vem sendo mais e mais relacionado com o novo coronavírus.

A Universidade da Flórida decidiu tentar rastrear a ligação entre o sintoma e a doença e, para isso, já entrevistou mais de 28 mil pessoas. Nas primeiras 4 mil entrevistas analisadas, apenas de pessoas que tiveram diagnóstico clínico ou laboratorial do coronavírus, eles já descobriram o tamanho do problema.

Os entrevistados relataram em média perda de 80% do olfato e 69% do paladar. “Nosso estudo mostra que a perda de olfato e paladar é muito comum na Covid-19 e que o tamanho dessa perda é grande”, diz o pesquisador Steven Munger, diretor do ‘Center for Smell and Taste’ (Olfato e Paladar) da Universidade da Flórida.

Ele conta que uma próxima etapa do estudo vai poder afirmar o tempo médio de duração desse sintoma nos casos de Covid-19. “No entanto, é correto dizer que a partir do que percebemos de outros vírus a maior parte das pessoas vai retomar o olfato rapidamente, outras irão ter perdas mais prolongadas e uma parte bem menor de pessoas pode perder o olfato para sempre completa ou parcialmente”, diz.

Uma outra linha de investigação são os relatos de pessoas que não têm o nariz entupido e mesmo assim acabam tendo perda abrupta e intensa de olfato e paladar. “É verdade que a obstrução nasal em gripes ou no vírus Influenza pode resultar numa perda temporária de olfato. Mas o vírus que causa essas doenças pode, às vezes, também pode causar perdas mais longas dos sentidos, como temos visto na Covid-19”, diz.

Receptores destruídos

A otorrinolaringologista Tanit Sanchez explica que o ser humano sente cheiros quando as partículas daquilo que está perto chegam ao final do nariz e encostam nos receptores de olfato, que são ligados ao cérebro. E o mecanismo de perda do olfato é diferente na comparação do novo coronavírus com outros vírus, como os que causam a gripe e inflamações nos sinos da face e na faringe, por exemplo.

“Todo mundo sabe que em situações convencionais – de rinite, de sinusite, de resfriados comuns – a secreção nasal acaba formando uma camada a mais que impede esse bom contato do receptor com a molécula e portanto muita gente acaba perdendo o olfato ou o paladar. Mas na Covid-19 o que se tem visto é que cerca da metade das pessoas com o diagnóstico tem uma perda de olfato ou paladar abrupta sem ter secreção nasal. Isso está sendo explicado pelo fato do vírus destruir o receptor e portanto a molécula quando chega não consegue se encaixar”, explica ela.

‘Olfato fantasma’

A pesquisa da Universidade da Flórida identificou relato de três alterações no olfato que, por ser interligado com o paladar, também afeta a capacidade de sentir o sabor dos alimentos. Além da ‘hiposmia’, que é a perda parcial do olfato e da ‘anosmia’, que é a perda total, também foi citado por um número muito menor de entrevistados a ‘fantosmia’, uma sensação de cheiro de algo que não existe.

Segundo relato, a fantosmia é como se o cérebro estivesse imaginando uma fumaça onde não há fogo. É uma recuperação de informações da memória olfativa da pessoa sem que ela tenha sido provocada a evocar uma lembrança de perfume ou odor.

Exercício simples pode ajudar

O coronavírus entrou no mundo de repente, pegou todo mundo de surpresa, inclusive os médicos e cientistas. Até por isso não existem estudos tão claros que mostram quais são os reais efeitos dessa doença nova no nosso corpo, especialmente em longo prazo.

Pra quem perdeu o olfato e o paladar, os especialistas recomendam um exercício que pode ajudar a fazer com que os sentidos voltem, especialmente nos casos de quem já tem esse sintoma por semanas. A sugestão é pegar alguns elementos da sua casa que você sabe qual é o cheiro como alimentos, um sabonete, uma planta… e durante cerca de dez minutos do dia tentar inspirar e ver se você consegue sentir o cheiro deles. 

Os médicos explicam que esse teste é como fazer um carro descer ladeira abaixo na tentativa de pegar no tranco. É um exercício para ativar os receptores do olfato e a conexão deles com o cérebro no objetivo de fazer com que funcionem.

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