Governo quer “dar o drible” e responsabilizar clubes pelas fraudes no programa Gol de Placa


Matéria veiculada pela Folha de São Paulo em janeiro deste ano, revelou esquema fraudulento no Programa Gol de Placa, no Governo do Estado da Paraíba, na gestão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB).
À época, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado) do Ministério Público da Paraíba, abriu investigação para apurar a fraude no programa, suspenso no mês de janeiro após as denúncias.
Segundo informações, também é investigada a suposta ligação de então secretários e auxiliares do Governo do Estado na antiga gestão, empresários e os clubes. Dezenas de postos de gasolinas foram usados no esquema e aparecem nas investigações como emissores das notas falsas. Confira os documentos no final da publicação.
O programa Gol de Placa foi criado para incentivar os torcedores a comparecerem a jogos no estado da Paraíba e ajudar a financiar os clubes. Pelas regras, o valor das entradas seria pago aos clubes por uma empresa, que, em troca, recebe desconto do governo no pagamento de ICMS
Centenas de pessoas que moram fora do estado, muitos que nunca vieram à Paraíba, foram identificadas entre os “torcedores” cadastrados pelos clubes. Estes “torcedores” negaram às autoridades ter assistido a qualquer jogo. Os nomes e dados pessoais deles estavam na internet.
À época que o caso veio à tona, o Tribunal de Contas da Paraíba anunciou que faria uma “auditoria especial” no programa.
Governo dá o “drible”
Investigado no esquema fraudulento, o Governo da Paraíba surpreendeu esta semana ao anunciar Procedimento de Investigação Preliminar (PIP) para apurar as ilicitudes cometidas no programa. A abertura foi publicada no Diário Oficial do Estado da quarta-feira (6) e, segundo a publicação, a investigação vai ser realizada em conjunto pela Controladoria Geral do Estado e pela Secretaria da Fazenda.
O ato foi assinado pelos secretários da Fazenda, Marialvo Laureano, e Letácio Tenório, da Controladoria do Estado, e é justificado com base nas investigações da Operação Cartola, que desvendou esquema de corrupção no futebol paraibano em 2018. “O Ministério Público da Paraíba encaminhou a Controladoria Geral do Estado o Ofício nº 0464/2019/GAECO-PB, informando que no âmbito da Operação Cartola, cujos desdobramentos apuraram ilícitos penais cometidos na seara dos órgãos e entidades desportivas ligadas ao futebol paraibano, foram evidenciados indícios de desvio de recursos originados do programa. O Ministério Público da Paraíba solicitou a Controladoria Geral do Estado que tomasse as medidas cabíveis de acordo com as normas anticorrupção, objetivando a celebração de acordo de leniência no interesse do Estado da Paraíba”, destaca a portaria.
Confira abaixo documentos divulgados e trecho de publicação do Blog do Renato Martins:
1- Comecemos mostrando um estabelecimento comercial. Este primeiro fica em um shopping no centro da cidade, notem que nestas prestações de contas, como bem mostrou a matéria da Folha de São Paulo sobre o inicio do paraibano 2019, quase sempre eles usam um só comércio, de preferência postos de gasolina. Afrontando totalmente o objetivo do investimento estatal.Peço que decorem o número da inscrição estadual logo no final da primeira linha dos dados. Vejam bem:
Decorado o número de inscrição desta loja, notem que pintei de laranja tudo de informação que entendo não ser pertinente à formação de minha opinião especificamente sobre esta improbidade administrativa cometida pela gestão estadual no programa. Lembrem-se que o objetivo central do investimento feito com nossos recursos é fazer com que o torcedor, consumidor difuso que é, possa cobrar notas fiscais de pontos diversos como padarias, supermercados e outros estabelecimentos comerciais, e, assim, cumprir a ideia da cultura de fiscalização e denúncias destes estabelecimentos se sonegando estiverem. Mas isso não tem a menor chance de acontecer, pois o próprio estado não faz essa cobrança aos clubes, essa exigência nodal do programa é negligenciada pelos gestores estaduais. Justamente por quem fornece nossos recursos. Vejamos de forma clara:
2- Abaixo segue trechos do relatório oficial do jogo Nacional de Patos x CSP realizado no paraibano cerca de 1 ano atrás em 25/02/2018. Vejam quantas pessoas “fantasmas” supostamente foram ao jogo e notem na coluna para se botar a inscrição estadual do comercio emissor da nota, qual o único estabelecimento comercial que forneceu 2500 notas fiscais para este evento desportivo:
Trata-se de 67 páginas com 2500 nomes e seus CPFs que obstruí com a cor laranja, todos oriundos do mesmo comércio acima (vejam número de inscrição 16.195.899-0). Logicamente só postarei algumas fotos: acima foi a da primeira página, logo abaixo uma outra do meio da lista e logo depois a última de forma a vocês terem condição de entenderem o caráter flagrante que os secretários da SEJEL permitiram graciosamente que ocorressem durante anos, no mínimo desde 2014 perdurando até 2018.
Esse é um print da página 42, no meio da listagem. Segue abaixo da última página:
Essa é a última foto desta listagem oficial entregue ao governo do estado onde no mínimo formalmente se confessa de maneira indisfarçada, que não se “ensinou” o torcedor a cobrar nos vários comércios de sua rotina as ditas notas fiscais importantes ao objetivo proposto pelo órgão pagante; o estado.
Repetindo fazendo a trilha impossível; trata-se de uma prestação de contas com 2500 pessoas que pegaram nota fiscal comprando nessa mesma loja, que fica em João Pessoa, então foram para Patos trocar o ingresso e irem ao estádio. Este que, por sua vez, não teve quase ninguém neste jogo. Sem comentários!!! Só a SEJEL desde 2014 não viu isso por algum motivo… Imaginem a causa leitores.
Por fim, foto do relatório último com o registro deste jogo, quando já homologado pela SEJEL. Ou seja, devidamente atestado como tudo OK e confirmado para quitação no custo de cerca de 20 reais por “cabeça” ou alma. Tudo absurdamente pronto para o seu devido pagamento que ocorreu integralmente dentro do primeiro semestre do ano passado:
O estado que por meio de seus gestores responsáveis, tão bons de foto e propaganda junto às torcidas, deveria garantir o bom funcionamento e certificar-se do sucesso do programa, na verdade atuou como peça central deste esquema fraudulento. Atuou como maestro; um meio de campo no jargão futebolístico. Nomear isso como postura cúmplice, me parece mais pertinente que incompetente. Prevaricação, negligência, tudo redunda em improbidade administrativa.
Ficam algumas perguntas finais: muitos jogos de quase todos os clubes foram assim de 2014 para cá? Os secretários da SEJEL, sobretudo o que mais tempo durou, o então vereador Tibério Limeira, não viu que as notas eram advindas do mesmo estabelecimento? Essas notas de mesma origem e com nomes usados em diversos jogos são frias?
Possivelmente todas as respostas destas perguntas sejam sim. Por isso espero que tanto os gestores ordenadores de despesa do estado, como os dirigentes culpados devolvam os recursos ao povo paraibano e ao nosso esporte. E que isso seja feito com a devida punição. Feito para a justiça. Feito para ampliar a arrecadação do governo, e em benefício dos torcedores e dos possíveis dirigentes corretos. Custa fazer as coisas acertadamente? Honestamente.
Justiça à vista é sempre mudanças à vista amigos. Logo a justiça chegará a nossos parlamentos também.

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