Prefeito afastado por Alzheimer e vice que tomou posse são investigados por diversos crimes em São João do Cariri


O município de São João do Cariri, com pouco mais de 4 mil habitantes e localizado na Região de Campina Grande, teve a sua rotina pacata abalada há cerca de um ano quando se tornou pública a investigação do Ministério Público da Paraíba (MPPB) sobre a condição de saúde do então prefeito, Cosme Gonçalves de Farias (DEM), que sofreria de Mal de Alzheimer e estaria gerindo a cidade sob influência de sua família.

De acordo com notícias da época, Farias foi ouvido pelo promotor de Justiça responsável pelo caso, José Bezerra Diniz e, durante o depoimento, o prefeito teria chegado ao ponto de se confundir sobre quantos filhos teria. Na época, a primeira-dama e secretária de Empregos e Ação Social, Socorro Farias, negou que o prefeito estivesse doente e afirmou que iria levar provas que sua saúde estava okay.
Em 13 de setembro do ano passado, José Bezerra Diniz recomendou o afastamento de Cosme e o vice-prefeito, Hélder Trajano (MDB), assumiu a titularidade do mandato. Recentemente, há dez dias, inclusive, a licença médica de Cosme foi renovada por mais 120 dias. O fato pouco usual capturou a atenção de sites como UOL e G1, além de a imprensa em peso da Paraíba.
O que não se sabia até então era que um mês antes de todo esse imbróglio sobre a doença ou não do prefeito, duas denúncias foram protocoladas no Ministério Público Federal (MPF) apontando que o prefeito e o vice cometeriam de maneira contumaz diversos crimes relacionados à gestão dos recursos públicos do humilde município.
Funcionários fantasmas, rachadinha de salários, trabalhadores e fornecedores de serviço cujo o nome sequer constavam no Sagres (Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade) do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), além de professores polivalentes, da rede de ensino municipal, que trabalham regularmente e sequer são formados em pedagogia; o denunciante relatou dois casos em que os professores não tinham formação nenhuma, nem ensino fundamental completo, e de uma técnica em enfermagem que não possui registro no Coren (Conselho Regional de Enfermagem). [VER DENÚNCIA ABAIXO]
O caso foi declinado em 16 de outubro pela Procuradoria da República e enviado ao Ministério Público da Paraíba, para o mesmo promotor que investigou a doença do prefeito afastado: José Bezerra Diniz. Mais de um ano desde que teve acesso ao caso, ainda não há conhecimento sobre em que nível de trâmite processual está a denúncia. O promotor não atendeu às ligações da reportagem do Paraíba Já.
A outra denúncia dá conta da doação irregulares de terrenos na época da campanha eleitoral de 2016. Segundo o denunciante, os terrenos eram distribuídos por Cosme e Hélder Trajano para apadrinhados políticos, “sem o menor critério ou regularizações”. O cidadão que realizou a queixa disse em trecho do depoimento que poderia afirmar que as doações iam para “pessoas que tem [sic] condições financeiras boas” e que os terrenos posteriormente eram vendidos pelos beneficiários. Além disso, a distribuição de lotes abrangiam vários bairros, inclusive, margens da BR-412.
A reportagem apurou que, após ter conhecimento das denúncias, o prefeito titular do município, Hélder Trajano, passou através do seu líder na Câmara de Vereadores de São João do Cariri, Francisco Joaquim Junior, uma lei que regulamenta a doação e “estabelece critérios para concessão de terrenos” no município.
A ex-primeira dama do município, que garantiu que iria lutar para provar que a saúde do marido estava em boas condições, continua como secretária da mesma pasta que ocupava quando seu marido era o titular recebendo o salário de R$ 2.500,00.

paraibaja

Primeira denúncia sobre funcionários fantasmas e rachadinha:

Segunda denúncia sobre doações a apadrinhados políticos:


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