Lula é preso; ex-presidente chega a Curitiba para começar a cumprir pena


O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 72, chegou por volta das 22h em um avião monomotor a Curitiba, onde começará a cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão. Ele chegou de helicóptero ao Aeroporto de Congonhas (SP) e também vai ser transportado dessa forma para a Superintendência da PF (Polícia Federal), onde ficará preso.
Uma grande queima de fogos aconteceu logo que Lula chegou à sede da PF em Curitiba. No local, há uma grande concentração de manifestantes pró e contra Lula.
Policiais militares atiraram bombas e balas de borracha contra apoiadores do ex-presidente Lula no momento em que o helicóptero transportando o petista pousava na sede da PF, onde ele ficará preso.
Segundo uma manifestante ouvida pelo UOL e que preferiu não se identificar, a ação partiu de policiais que estavam dentro do terreno da Polícia Federal, atrás de um dos portões que dão acesso ao local. Do outro lado, militantes pró-Lula soltavam, naquele momento, rojões com fumaça vermelha para receber o ex-presidente.
Muito assustada, a manifestante disse não ter visto militantes tentando forçar a entrada na PF. Ela contou ter visto uma mulher ferida nas pernas por estilhaços de bombas. Segundo a Bandnews, manifestantes tentaram invadir a superintendência forçando portões e grades do local.
Lula fez o exame de corpo de delito na Superintendência da PF (Polícia Federal), na Lapa, em São Paulo. O procedimento é rotina para qualquer preso. Até o momento, a defesa do ex-presidente não quis se pronunciar a respeito. O advogado Cristiano Zanin Martins está com ele em Curitiba.
Também viajaram para apoiá-lo na capital paranaense a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Por volta das 18h45, o petista deixou o Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, no ABC paulista, a pé e se entregou à PF. Ele foi levado em um comboio até o aeroporto.
Antes, por volta das 17h, ele tentou sair do prédio e entrou no carro com Zanin Martins, mas foi impedido de sair pela militância à frente do portão, por isso na segunda tentativa ele cruzou os portões a pé. Apoiadores derrubaram as grades que barravam a entrada para tentar acompanhá-lo.
Foram quase 26 horas para se entregar após o esgotamento do prazo dado por Moro --e 49 horas depois de proferida a decisão.
O petista não havia atendido à oportunidade oferecida pelo magistrado de comparecer de forma voluntária à Polícia Federal, em Curitiba, até as 17h (de Brasília) da última sexta.
Ele quis antes participar de uma missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faria aniversário de 68 anos nesta data, e depois almoçou com familiares.
Moro decretou a prisão de Lula para iniciar a execução da pena de 12 anos e um mês, imposta pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), pelo caso do tríplex do Guarujá (SP). No despacho, houve a ordem do magistrado para que o ex-presidente não fosse algemado e que fosse disponibilizada a ele uma sala em condições especiais na capital paranaense.
Na sexta-feira, após uma tentativa sem sucesso no STJ (Superior Tribunal de Justiça), os advogados do petista recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar derrubar a ordem de prisão. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, também rejeitou o recurso.
Lula estava desde quinta no sindicato, recebendo apoio de militantes, apoiadores e políticos do PT e de partidos de esquerda. Milhares de pessoas ficaram em frente ao local para apoiá-lo e criticar o pedido de prisão de Moro. 
O ex-presidente e seus advogados negociaram e discutiram durante a sexta-feira a forma de se apresentar à PF. Nas conversas, Lula decidiu que se entregaria apenas depois da missa póstuma. Marisa morreu em fevereiro de 2017.
Lula deverá ser levado para Curitiba e começará a cumprir a pena na sede da PF, enquanto aguarda a possibilidade de um habeas corpus ou de um possível novo entendimento do STF para a prisão após condenação em segunda instância.

Entenda o caso

Em julho de 2016, o juiz federal Sergio Moro condenou o presidente Lula a nove anos e seis meses prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), mas o ex-presidente pôde recorrer em liberdade.
Em janeiro, os três desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 analisaram o processo e decidiram ampliar a pena para 12 anos e um mês de prisão em regime fechado.
Com o entendimento do STF desde 2016 de que uma sentença penal já pode ser cumprida após a condenação em segunda instância, o ex-presidente buscou um habeas corpus no STJ, mas teve os pedidos negados. Posteriormente, os seus advogados pediram um habeas corpus no STF, mas Lula acabou derrotado por 6 a 5 em uma sessão tensa na última quarta-feira (4).

Lula ainda aguardava na quinta um recurso dos embargos no TRF-4 ou uma reviravolta sobre o entendimento do STF sobre a segunda instância quando foi surpreendido pela decisão de Moro de decretar a prisão e o início do cumprimento da pena em regime fechado, em Curitiba.

Uol

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