Covid: cientistas identificam fatores genéticos que aumentam risco da doença

 

No último dia 8 de julho, um estudo importante a respeito da Covid-19 foi publicado. Nele são apresentados como os fatores genéticos influenciam na doença. 

A pesquisa publicado na revista científica Nature investigou por que há pessoas que, mesmo após já terem sido infectadas pelo novo coronavírus, desenvolvem formas graves da doença enquanto outras apresentam apenas sintomas leves da doença ou até mesmo se mantêm assintomáticas. 

Realizado a partir da colaboração de uma rede global de cientistas, o trabalho é resultado da análise de dados de mais de 45 estudos, de diversos países e realizados por cerca de 3.300 pesquisadores. O nome do projeto é Covid-19 Host Genetics Initiative (Covid-19-HGI), que contou com aproximadamente 49 mil pacientes e outros 2 milhões de não infectados para controle.

Detalhes da pesquisa sobre a genética e a Covid-19

Como já é sabido, fatores como idade e condição de saúde, como as comorbidades, têm efeito direto na Covid-10. Mas segundo os dados obtidos pela pesquisa, a genética tem bastante influência sobre o desenvolvimento da doença. 

Conforme fora divulgado, o Covid-19-HGI ainda não foi capaz de identificar quais genes específicos e as alterações que poderiam agravar a doença, mas descobriram que a alteração em certos cromossomos está relacionada tanto à possibilidade quanto à gravidade da doença.

Para chegar aos resultados obtidos pela pesquisa, os cientistas que participaram do estudo investigaram alterações genéticas que já haviam sido associadas anteriormente a infecções e outras doenças autoimunes. Isso mostrou que das 13 regiões do genoma relacionadas à Covid-19, seis têm variações específicas da doença e não estão relacionadas a outras doenças.

Dessas 13 regiões, quatro estão relacionadas à possibilidade de se infectar com a doença. Caso pessoas com essa variação genética entrem em contato com o coronavírus, podem apresentar infecção, mesmo que não grave. Entretanto, nove dessas regiões estão ligadas às manifestações mais graves da Covid-19.

a informação importante obtida com o estudo é que algumas variações do genoma são mais comuns entre pacientes de determinados lugares, como a FOXP4, bastante frequente em populações latinas e asiáticas.

Esse tipo de informação só reforça a necessidade de se fazer uma investigação que vise a maior diversidade populacional possível. 

Brasil participou da pesquisa

Cientistas do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo, a USP, colaboraram para a realização da pesquisa. O InCor participou do consórcio internacional com 800 amostras de pacientes, pois já trabalhava com sua própria pesquisa com amostras de DNA de 5.000 pessoas com o intuito de também descobrir por que alguns infectados desenvolvem a forma grave da doença e outros não.

À Folha, José Eduardo Krieger, diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor e um dos autores do estudo, diz que a compreensão de como a diversidade genética age sobre a Covid-19 possibilita o desenvolvimento de novos medicamentos ou até mesmo repensar a utilização de remédios já existentes, tornando seu tratamento mais preciso. 

O pesquisador ainda defende que a presença do Brasil na pesquisa é importante, pois a miscigenação do povo brasileiro é única no mundo. 

É importante dizer que além de recursos da iniciativa privada, agências brasileiras de fomento à pesquisa, como Fapesp e CNPq, estão investindo na pesquisa. 

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