Lançado como pré-candidato à prefeitura de João Pessoa pelo deputado federal Julian Lemos, nas eleições de 2020, o jornalista Nilvan Ferreira, até então sem partido, era só elogios ao parlamentar. Mas, pouco mais de um ano depois, o discurso virou às avessas.
Pré-candidato à Câmara Federal, Nilvan busca atrair os votos do eleitorado que elegeu Julian, no pleito de 2018. Eleito na onda do bolsonarismo, Lemos “rompeu” com o presidente há um certo tempo. Ainda assim, o parlamentar continua votando a favor das pautas de interesse do governo em Brasília.
Nilvan atualmente preside o PTB na Paraíba, partido que a nível nacional é comandado pelo ex-deputado Roberto Jeferson, um dos principais defensores de Bolsonaro. Roberto foi preso recentemente a pedido do ministro Alexandre de Moraes. A ordem foi dada dentro do chamado inquérito da milícia digital, que é uma continuidade do inquérito dos atos antidemocráticos.
O radialista assumiu a presidência do partido que na Paraíba era comandado pelo deputado, Wilson Santiago, com a missão de eleger um deputado federal. Wilson não vinha adotando a postura esperada pela direção nacional da legenda e foi destituído.
Em bastidores, Nilvan já começou a percorrer à Paraíba para fortalecer o PTB nos municípios e costurar o apoio das lideranças que defendem o presidente no estado. Na tentativa de se viabilizar para 2022.
No início do mês de setembro, o radialista escancarou seu posicionamento em relação à Julian e começou a desgatar o deputado perante o público bolsonarista. Em postagem nas redes sociais, Nilvan recriminou uma fala de Lemos à imprensa de que poderia marchar ao lado de João Azevêdo nas eleições de 2022. “Esse aí está aproveitando os últimos meses como deputado federal”, publicou.
Em resposta na publicação, Julian rebateu. “Esse aí não Nilvan, Julian Lemos, o mesmo que você vivia atrás, na minha casa, com meus assessores, o mesmo que tu se quebrou na palavra, e tu sabe disso, seja ao menos ético, grato e menos sem escrúpulos, você sabe quem sou, sabe o que fiz, faça seu trabalho, mostre resultados como eu tenho feito, vá para uma campanha sem atacar quem tanto lhe serviu, não sou alguém que queira desmoralizar, forte abraço meu ex candidato a prefeito pelo PSL, escrúpulos não é para todos, mas fui avisado”.
Lemos preside o PSL na Paraíba. O partido está próximo de realizar uma fusão com o DEM a nível nacional. O novo partido terá a maior bancada na Câmara Federal com 81 deputados, sendo 53 do PSL e 28 do DEM. A bancada no Senado chegará a oito senadores. Além de quatro governadores.
Com a iminente fusão, o partido terá um fundo eleitoral de ao menos R$ 320 milhões milhões em 2022. Repartindo a cota da Paraíba com o também deputado federal e pré-candidato ao Senado, Efraim Filho, Julian terá munição para tentar sua reeleição à Câmara.
Além do fundo partidário, o deputado conseguiu eleger alguns prefeitos em regiões estratégicas no estado, a exemplo de Lucena, onde segundo articuladores da cidade, foi fundamental na reta final da campanha vitoriosa do prefeito Léo Bandeira. E, em Cabedelo, que além da amizade pessoal, se tornou um forte aliado do prefeito Vitor Hugo, conseguindo emplacar sua mulher como chefe de gabinete do município.
O parlamentar também está cada vez mais próximo de uma aliança com o governo do Estado e já destinou inúmeras emendas para a segurança publico da Paraíba. Julian deixou essa aliança nas mãos do governador e disse que está à disposição para dialogar.
Weslley Lino – Jornal a Página.
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