Faculdade nega vínculo descrito por Boulos ao explicar sua renda

 



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) descreveu em um vídeo de sua campanha um vínculo atual como professor da Escola de Sociologia e Política que a entidade nega existir.

Boulos afirmou na gravação disponível em seu site que atualmente dá cursos na faculdade. A escola declarou que ele foi professor em dois cursos de curta duração no ano passado, mas que, desde novembro de 2019, não há mais nenhum vínculo.

Procurada para comentar a divergência, a assessoria de imprensa de Boulos disse que a nova edição do curso que ele ministraria neste ano foi cancelada em razão da pandemia da Covid-19. "Não fosse a pandemia, Boulos seguiria ministrando cursos, como fez em 2019", disse.

Já a escola disse que a nova edição das aulas não se realizou em 2020 em razão da candidatura do líder sem-teto.

A menção à universidade foi feita num vídeo em que Boulos explica a origem de sua renda. Ele foi feito, segundo o site do candidato, para rebater notícias falsas que circulam na internet afirmando que ele não trabalha.

No vídeo, Boulos descreveu sua trajetória como estudante e professor, e explicou a origem de sua renda atual.

"Atualmente dou cursos na Escola de Sociologia e Política, e em parceria com os institutos Pólis e IREE [Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa]", disse Boulos, no vídeo publicado pela campanha em 7 de outubro deste ano.

A FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) afirmou em nota: "Guilherme Boulos foi professor convidado do Departamento de Extensão para ministrar um curso de curta duração sobre 'A questão urbana e os movimentos sociais'. O curso teve duas edições: maio a julho de 2019 e outubro a novembro de 2019. [...] Desde então, novembro de 2019, não há nenhum vínculo".

O Pólis afirmou que Boulos proferiu uma aula de duas horas no dia 30 de julho dentro de um curso com cinco encontros sobre direito à moradia e também que cedeu um auditório para um curso do Instituto Democratize, fundado por Boulos.

O IREE disse que o candidato é professor habitual dos cursos que oferece, além de colunista do site da entidade.

O vídeo do candidato do PSOL foi publicado com o objetivo de, segundo a campanha, combater fake news.

Na gravação, ele diz que deu aula por seis anos na Escola de Educação Permanente da Faculdade de Medicina da USP. O diretor da unidade, Décio Mion, confirmou que Boulos participou de cursos sobre liderança entre os anos de 2011 e 2017. A atividade, segundo Mion, era organizada pelo infectologista Marcos Boulos, pai do atual candidato.

Boulos também indicou como fontes de renda no vídeo os textos que publica há quatro anos no site da revista Carta Capital, do IREE, além do período de três anos em que foi colunista da Folha de S.Paulo.

OUTRO LADO

A assessoria de imprensa de Boulos afirmou que estava planejada uma reedição do curso na Escola de Sociologia e Política, cancelado em razão da pandemia da Covid-19.

"Atualmente, Guilherme Boulos é candidato à Prefeitura de São Paulo. A respeito da palavra 'atualmente', como destaca o jornal, ela só expressa o que é a verdade: não fosse a pandemia, Boulos seguiria ministrando cursos, como fez em 2019. Esse é o contexto de palavra", afirmou a campanha do PSOL.

A assessoria do candidato declarou que "nunca houve vínculo empregatício com a escola". "Todos os cursos são remunerados por meio da MEI [microempreendedor individual] de Boulos."

Também disse que ele não tem vínculo empregatício com o Instituto Pólis.

A Escola de Sociologia e Política afirmou que "havia o interesse comum de repetir neste ano o curso sobre a questão urbana e os movimentos sociais". "No entanto, por conta da candidatura de Guilherme Boulos à prefeitura, o curso não será realizado. A FESPSP reafirma sua observância às limitações da legislação eleitoral, bem como sua postura acadêmica plural, base do conhecimento científico."

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