Sete pecados com o carro que fazem você virar 'sócio' de oficina mecânica



Todo veículo e seus respectivos componentes são projetados para durar determinado período de tempo, em condições normais de uso.

Porém, existem hábitos que aceleram o desgaste do automóvel e aumentam consideravelmente os custo de manutenção.

Muitas práticas que ameaçam a longevidade do carro estão, inclusive, descritas no manual do proprietário e podem levar à suspensão da garantia.

Algumas podem parecer inofensivas à primeira vista, mas ao longo do tempo cobram o seu preço.

Confira sete "pecados" que você deve evitar a todo o custo para não comprometer seu orçamento nem levar sustos ao visitar o mecânico.

As dicas são do engenheiro Erwin Franieck, mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE BRASIL.

1 - Sobrecarregar sistema elétrico

Bateria do carro - Smith Collection/Gado/Getty Images - Smith Collection/Gado/Getty Images
Instalar acessórios não homologados sem adequação penaliza bateria e traz risco de pane elétrica


De acordo com Franieck, a instalação de acessórios eletrônicos não homologados pela fabricante do veículo, sem que haja a necessária adequação do respectivo sistema elétrico, é um dos maiores vilões quando se trata da integridade de um automóvel.

O especialista destaca que equipamentos de som, alarmes e outros dispositivos podem demandar mais energia do que prevê o projeto do veículo.

Alguns desses acessórios continuam ativos mesmo quando o automóvel está desligado, agravando o problema.

O efeito mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que passa a reter cada vez menos carga e pode "arriar".

Contudo, antes de a bateria pifar de vez, há outras consequências.

"Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes", alerta Franieck.

De acordo com o engenheiro, peças como lâmpadas, ventoinha, motor de arranque e o próprio alternador podem ter a durabilidade seriamente comprometida.

2 - 'Chipar' o veículo

Cena de drifting em Velozes e Furiosos: Tokyo Drift - Reprodução - Reprodução
Mexer no carro em busca de mais performance pode elevar gastos com manutenção

Na busca por maior performance, muitos mexem na programação original da ECU ou central eletrônica do motor, alterando o tempo de abertura da borboleta e outros parâmetros para entrega de mais potência e torque.

Essas modificações podem ir além e incluir supressão do catalisador e instalação de turbo ou compressor mecânico, por exemplo.

Para Erwin Franieck, a médio prazo a prática pode acarretar vários danos que vão elevar a conta com a oficina mecânica.

"Fazer o conjunto de motor e transmissão trabalhar acima do limite para o qual foi especificado gera muitos efeitos indesejados. O catalisador, por exemplo pode 'derreter' por conta das altas temperaturas, se já não tiver sido removido, gerando aumento nas emissões", destaca o engenheiro da SAE Brasil.

Por trabalhar em regimes acima dos quais para qual foi projetado, o motor também apresenta maior incidência de carbonização, com o acúmulo de depósitos em dutos e outros componentes internos, explica.

Quem sofre com isso são itens como velas e bicos injetores, que apresentam degradação acelerada e causam funcionamento irregular do propulsor.

3 - Ignorar prazo para troca de filtros

Filtro de ar - Thais Roland/UOL - Thais Roland/UOL
Remover filtro de ar entupido em caso de emergência é medida de alto risco, diz especialista

Os filtros do veículo são componentes relativamente baratos, porém o desleixo com eles é capaz de resultar em grande prejuízo.

Franieck orienta a seguir sem concessões os prazos para respectiva troca indicados no manual do proprietário.

"É comum perceber que o filtro de ar está saturado quando o motor começa a falhar. Em caso de emergência, muitos removem o filtro até chegarem em uma oficina, mas basta rodar alguns minutos sem ele para que haja problemas sérios no motor".

O especialista destaca que, sem o filtro, o sistema de admissão acaba aspirando ar com poeira e outras impurezas, que vão parar no interior do propulsor - riscando as paredes dos cilindros.

"O óleo lubrificante pode ser levado pelos anéis do cilindro até a câmara de combustão, queimando juntamente com o combustível e causando a característica fumaça branca que sai do escapamento. Esse é um sintoma que exige atenção".

Em relação ao filtro de combustível, seu entupimento faz o motor "engasgar" e sobrecarrega a bomba de combustível - que precisa trabalhar com muito mais pressão.

"Essa é a causa mais comum de queima da bomba", esclarece o engenheiro.

Já a obstrução do filtro de óleo igualmente compromete a correta lubrificação do motor, elevando o atrito de peças internas e acelerando seu desgaste.

4 - Usar combustível de procedência duvidosa

Teste Combustível fiscal ANP - ANP/Divulgação - ANP/Divulgação
Fiscal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) testa qualidade de gasolina

Com o objetivo de poupar dinheiro, é comum abastecer sempre em postos que oferecem os melhores preços.

Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado.

Erwin Franieck orienta a dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra.

Afinal de contas, gasolina "batizada" com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados.

"O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular".

As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.

5 - Ignorar prazo de validade do óleo

Troca de óleo carro - Lucas Lacaz Ruiz/A1 - 26.02.2011 - Lucas Lacaz Ruiz/A1 - 26.02.2011
Troca do óleo e do respectivo filtro não é ditada apenas pela quilometragem do veículo

Trocar o óleo do motor e o respectivo filtro dentro da quilometragem estipulada no manual é uma orientação básica para evitar gastos não previstos e eventualmente elevados.

No entanto, muitos ignoram que, além da distância percorrida, o fluido tem prazo de validade. Ou seja: a hora da troca é determinada pelo item que vencer primeiro.

O mentor da SAE Brasil explica que, após determinado período, os componentes do óleo se degradam e sua capacidade lubrificante fica comprometida, elevando o atrito de componentes internos do motor.

Outro detalhe: em condições severas de uso, como rodar predominantemente em vias não pavimentadas, com muita carga e sob tráfego congestionado, a quilometragem e o prazo para troca são antecipados.

O especialista recomenda, ainda, seguir fielmente a especificação de óleo recomendada no manual do veículo.

6 - Rodar sempre com o motor frio

Fiat Strada 2021 motor 1.3 Firefly - Divulgação - Divulgação
Motor precisa atingir temperatura de funcionamento ideal para receber lubrificação adequada

O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação.

Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.

"Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal".

Franieck informa que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na "fase fria", especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.

"Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance".

7 - Deixar o carro muito tempo parado

concessionária volkswagen Comercial Gaúcha Covipa estrela Otmar Essig Reginaldo de Campinas 2011 Fusca Série Ouro 1996 - Arquivo pesoal - Arquivo pesoal
Carro parado por muito tempo sofre com efeitos da corrosão e apresenta outros problemas

Automóveis foram feitos para rodar e, se permanecerem muito tempo desligados, uma série de componentes é deteriorada.

Dependendo do tempo de inatividade, os efeitos mais óbvios são a descarga da bateria e o esvaziamento e a deformação dos pneus.

Porém, problemas ainda mais graves podem surgir.

"Água e outros fluidos parados durante muito tempo no mesmo lugar aceleram processos corrosivos e contribuem para o ressecamento de borrachas, mangueiras e dutos em geral. É comum a corrosão formada dentro do tanque soltar resíduos que vão parar na bomba de combustível, danificando-a.

Além disso, o próprio combustível sofre degradação, tornando-se inadequado - a gasolina, por exemplo, dentro de cerca de seis meses já não é mais apropriada para uso.

"Se o veículo ficar sem utilização durante período prolongado, o ideal é ter alguém para rodar com ele ao menos uma vez por semana, inclusive para lubrificar rolamentos e componentes da suspensão que precisam se movimentar com regularidade".



uol

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