Pesquisa revela problemas de sono, alimentação e saúde mental durante pandemia

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Uma pesquisa do Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que a população brasileira tem se queixado mais problemas relacionados ao sono e à alimentação desde o início da pandemia de coronavírus no Brasil.

No segundo ciclo da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico COVID-19 (Vigitel), 41,7% dos entrevistados disseram ter algum distúrbio do sono, como dificuldade para dormir ou dormir mais do que de costume e 38,7% relataram falta ou aumento de apetite. 

Além disso, a pesquisa também apurou problemas relacionados à saúde mental. Entre os que foram ouvidos, 35,3% relataram falta de interesse em fazer as coisas; 32,6% disseram se sentir para baixo ou deprimido; 30,7% alegaram se sentir cansado, com pouca energia; 17,3% descreveram lentidão para se movimentar ou falar ou estar muito agitado ou inquieto; 16,9% afirmaram sentir dificuldade para se concentrar nas coisas e; 15,9% disseram se sentir mal consigo mesmo ou achar que decepcionou pessoas queridas.

Na avaliação da psicóloga Sylvia Flores, esse resultado era previsível em decorrência das mudanças impostas pela pandemia à rotina das pessoas. “Nós seres humanos vivemos em grupos e temos uma dependência absoluta do grupo social como um todo e, de repente, isso nos foi cortado”, explica. Ela acrescenta ainda que mesmo que as pessoas se sintam conectadas via redes sociais, aplicativos e pela internet, ainda assim falta o contato físico. 

Ela citou ainda a falta de liberdade, em função das medidas de isolamento social e de restrição de circulação para controle do coronavírus, como também algo que impacta a saúde mental e reflete na mudança de hábitos. “O ir e vir também foi cortado e essa noção de liberdade é algo fundamental em nossa sociedade. Então, mesmo que você queira ir a algum lugar não tem como, não há aonde ir porque está tudo fechado”.

Tudo isso, segundo a especialista, afeta diretamente a população. “Isso causa uma desestruturação psíquica e, nesse caminho, há uma crise de ansiedade muito grande”. Ela afirmou ainda que isso pode levar, inclusive, a casos de depressão e crise existencial. “As pessoas começam a se perguntar para quê. Para quê que eu vou fazer determinada coisa se a minha vida está em suspenso? E quando você começa a se fazer essa pergunta perde-se o sentido da vida. Isso paralisa as pessoas”.

Segundo o Ministério da Saúde, o segundo ciclo da pesquisa Vigitel COVID-19 foi feito entre os dias 25 de abril e 5 de maio de 2020, e ouviu 2.007 pessoas com 18 anos ou mais, em todo o país. Ainda conforme o órgão, o objetivo é entender como a população está enfrentando a pandemia e o monitoramento sistemático dos riscos em saúde pública auxilia os gestores na adoção de medidas, de modo a reduzir o número de pessoas afetadas.

Isolamento social

Ainda no levantamento do Ministério da Saúde, 87,1% dos ouvidos disseram ter precisado sair de casa ao menos uma vez na semana anterior à data da entrevista.

Entre os motivos para sair estão: compra de alimentos (75,3%), trabalho (45%), busca por serviço de saúde ou farmácia (42,1%), tédio ou cansaço de ficar em casa (20,5%), ajudar algum familiar ou amigo (20,2%), visitar familiares e amigos (19,8%), praticar atividades físicas (13,6%) e caminhar com animal de estimação (5,6%).

Os moradores com idades entre 35 e 49 anos (89,8%) das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (89%) foram os mais saíram de casa.



Otempo

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