A FDA (Food and Drug Administration dos EUA), órgão equivalente à Anvisa no Brasil, aprovou emergencialmente nesta sexta-feira (1º) o uso do medicamento antiviral remdesivir no tratamento de pacientes com covid-19 no país.
O anúncio, segundo a rede de TV CNBC, foi feito pelo presidente Donald Trump na Casa Branca, ao lado do presidente-executivo do laboratório Gilead Sciences, que desenvolveu o medicamento, Daniel O'Day.
O antiviral foi criado, inicialmente, para tratar pacientes com o vírus ebola. Após o surgimento do coronavírus, começou a ser testado em doentes na China e em outros países e se mostrou, até o momento, eficaz para reduzir o tempo de internação.
Um dos principais problemas da covid-19 é justamente o longo período que os pacientes permanecem internados, o que levou sistemas de saúde ao redor do mundo a entrarem em colapso.
O médico à frente do combate à pandemia nos Estados Unidos, Anthony Fauci, afirmou na quinta-feira que o remdesivir se tornará o tratamento padrão da covid-19 no país.
Os resultados preliminares de um estudo do governo dos EUA mostrou que os pacientes que receberam remdesivir se recuperaram 31% mais rápido do que aqueles que receberam placebo.
Trump e o CEO da Gilead em reunião nesta sexta-feira
Carlos Barria/Reuters
No início deste mês, a Gilead disse que estava preparada para doar para hospitais o suprimento existente de 1,5 milhão de doses do remdesivir, o que, segundo a empresa, é suficiente para mais de 140 mil pacientes, embora esse número aumente se o medicamento puder ser administrado por um período mais curto.
"Estamos trabalhando para construir um consórcio global de fabricantes de produtos farmacêuticos e químicos para expandir a capacidade e a produção global", disse o presidente-executivo da Gilead, Daniel O'Day, em carta aberta na quarta-feira.
Ele também disse que Gilead está procurando maneiras de potencialmente levar o tratamento a uma população mais ampla de pacientes, investigando outras formulações e meios de administrar a droga.
O Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, disse que resultados parciais de seu estudo com 1.063 pacientes mostram que infectados com covid-19 que receberam remdesivir se recuperaram em 11 dias, em comparação com os 15 dias de pacientes que receberam placebo.
Gilead vai doar doses do medicamento
Gilead Sciences Inc/Reuters
O estudo mostrou uma tendência para a sobrevivência melhor para remdesivir — 8% de pacientes que receberam o remédio morreram comparado com 11,6% no grupo que recebeu placebo — mas a diferença não foi estatisticamente significativa, de forma que a diferença pode não ser devido ao remédio.
O principal pesquisador do estudo disse à Reuters na sexta-feira que os resultados completos podem chegar em meados de maio.
"O conjunto completo de dados fornecerá mais clareza sobre como o remdesivir pode ser melhor utilizado", disse Aneesh Mehta, pesquisador do estudo NIH da Escola de Medicina da Universidade Emory, em Atlanta.
r7
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