Congresso recuou de ataques a Bolsonaro, diz Roberto Jefferson

O ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse em entrevista exclusiva à CNN, gravada na semana passada, que a crise política tem um fundamento nas eleições municipais deste ano, já que os partidos, prefeitos e governadores estão precisando de recursos para se eleger.

“Todo mundo está se aproveitando do vírus e da pandemia para estender o máximo possível o estado de calamidade pública em que todo mundo compra sem licitação”, diz ao afirmar que governadores têm comprado equipamentos por preços com diferenças enormes que resultarão em um grande escândalo após o pico do coronavírus.

“Vocês vão ver que esse dinheiro da saúde está sendo usado em caixa 2 para as eleições", completou. 

Jefferson classificou essa especulação como "Covidão", em referência ao "mensalão", esquema de corrupção denunciado pelo próprio ex-deputado durante o governo Lula, em 2005.

Roberto Jefferson afirma que cabe ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) colocar dinheiro nos estados e municípios, porém, segundo ele, quem vai enfrentar os impactos decorrentes do isolamento social e quem vai administrar a verba de saúde para compra de medicamentos são os governadores e prefeitos. 

“O Bolsonaro vai para o braço do povo, porque o ministro Marco Aurélio Mello, com apoio do plenário do STF, manietou o presidente e disse que o papel dele nessa crise de saúde que o Brasil atravessa é meramente colocar dinheiro nos estados e municípios”, afirmou.

Impeachment?

Jefferson acusa o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de querer o impeachment de Jair Bolsonaro. 
"No dia 20 de abril, a entrevista do Fernando Henrique foi o start para a tentativa de golpe. Ele é experiente em promover impeachment e derrubar presidente, como fez com o Collor. Ele fala que o Bolsonaro não tinha mais condições de governo, que quem governava o Brasil era um governo entre os ministros do Supremo, os presidentes da Câmara e do Senado, que vivíamos já no Brasil um 'parlamentarismo branco, um governo compartilhado'. E que, como viviamos também uma grave crise de saúde, já havia duas hipóteses para o impeachment. A terceira era ir para a rua".

O resultado foi outro, analisa. "O povo foi para rua, diferente do que ele esperava, para apoiar o Bolsonaro. E com o espancamento diário da velha imprensa, ele tem 35% do apoio do eleitorado. A base do Bolsonaro é muito forte. As pessoas que oram estão do lado do Bolsonaro. Os caminhoneiros do Brasil, que podem parar o país, forçar uma passeata, estão do lado dele".

Jefferson fala no que estaria por trás da atitude: a eleição de 2022. "Só tem condições de o PSDB voltar à presidência se tirar o Bolsonaro da frente. O centro, se persistir o Bolsonaro, vem com ele na cabeça. São os mesmos os eleitores do DEM, do PSDB e do Bolsonaro. Entrou um grupo conservador novo que afastou um grupo que se dizia de centro-direita. Para lançar o (João) Dória como candidato, tem que tirar o Bolsonaro da frente". 

Covid-19

Ele isenta o governo federal da responsabilidade pelas mortes por Covid-19. "E os governadores, e os prefeitos? O dever é deles. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), por exemplo: governar é abrir sepultura? Só vejo ele fazendo isso. O que estão fazendo os outros? A ação de saúde é deles, compete ao governo federal botar dinheiro, e está botando. O presidente Bolsonaro não pode ser acusado de lavar as mãos, não pode ser responsabilizado por erros que os governadores e os prefeitos estão praticando. A ele compete transferir dinheiro", defende.

Convite
O presidente nacional do PTB fez ainda um convite a Bolsonaro, que segue sem partido. "Quero participar do governo sim, mas queria convidar o presidente a vir para o PTB. Ele foi meu liderado como deputado federal por dois anos. Leal, correto, cumpridor de acordo, decente, nunca apresentou projeto de lei para beneficiar empreiteira, um banco. Muitas vezes votava contra a orientação da liderança e eu nunca me aborreci, porque ele cumpre seus compromissos com o eleitor. Tenho dele a melhor das impressões". 



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