Com dólar a R$ 6, Brasil passa a ter os “carros mais baratos do mundo”

Com dólar aquecido, os carros brasileiros estão cada vez mais baratos em relação aos estrangeiros. Quer dizer… se você for algum estrangeiro querendo gastar seu dinheiro por aqui – caso contrário, prepare seu bolso. Mas quão desvalorizados nossos modelos estão em relação a outros países?

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Para fazer essa comparação, QUATRO RODAS separou cinco veículos comercializados lá fora e que são praticamente iguais àqueles oferecidos no Brasil, ou seja: modelos comercializados com versões e motorizações similares. É claro que, para isso, não foi levado em consideração o poder de compra (exemplificado aqui pelo salário mínimo).

Nos Estados Unidos, utilizamos como base valores e impostos praticados no estado da Flórida, além da cotação fixada em R$ 5,90. Para a Europa, os preços foram calculados pela Alemanha, que pratica uma das menores taxa do bloco econômico, e cotação a R$ 6,38.

Volkswagen Polo

Principal diferença do brasileiro está no conjunto mecânico e nos itens de série Christian Castanho/Quatro Rodas

O hatch é vendido a R$ 86.690 na versão topo de linha Highline com motor 1.0 TSI. Se fosse na Alemanha, você teria que desembolsar 22.530 euros pela configuração equivalente, também chamada Highline. E quanto isso custaria? R$ 143.741 em conversão direta.

Na verdade, para ter nível de equipamento semelhante, o Polo europeu precisa receber rodas aro 17 diamantadas, quadro de instrumentos digital, acendimento automático de faróis, ar-condicionado digital, partida por botão, comando por voz e câmera de ré.

Visual externo é praticamente igual ao modelo vendido na Europa Christian Castanho/Quatro Rodas

Com todos os opcionais instalados, o modelo passa a custar, lá, 25.829 euros. Com calculadora na mão, dá até para tomar um susto: R$ 164.789. Só que eles também podem provocar inveja aos brasileiros, considerando que o acabamento interno é melhor na Europa.

Não bastasse o painel emborrachado – na versão nacional, toda a cabine é de plástico rígido –, os gringos têm algumas vantagens, como frenagem de emergência com detecção de pedestres, luz ambiente, start-stop, bancos aquecidos e regulagem elétrica dos faróis.

Painel do nosso Polo tem acabamento simplificado Christian Castanho/Quatro Rodas

Brasil: R$ 86.690 – Polo Highline 1.0 TSI;
Europa: 25.829 euros (R$ 164.789) – Polo Highline 1.0 TSI;
EUA: N/D.

Honda Civic

 Divulgação/Honda

Em comum, os sedãs vendidos aqui e na Europa não têm opcionais para as versões topo de linha, aqui chamada Touring e, lá, Executive. E também compartilhamos o mesmo motor 1.5 turbo a gasolina – que é o mesmo utilizado pela configuração comercializada nos EUA.

 Divulgação/Honda

E analisando apenas os números, até parece que levamos vantagem em relação aos alemães: o carro que custa R$ 136.700 aqui é vendido a 33.790 euros (R$ 215.580) lá. Por outro lado, eles têm sistemas semiautônomos do Honda Sensing e bancos com aquecimento.

Nos EUA, o sedã ainda traz piloto automático adaptativo, alerta de pontos cegos, frenagem de emergência, sensor de tráfego cruzado e alerta de mudança de faixa. E, por US$ 28.955 – com carregador sem fio, opcional –, há rodas aro 18 e ajustes elétricos para passageiro.

Cabine é bonita de ver, mas tem muitos plásticos
Acabamento interno é o mesmo nos três mercados Christian Castanho/Quatro Rodas

Brasil: R$ 136.700 – Civic Touring;
Europa: 33.790 euros (R$ 164.789) – Civic Executive;
EUA: US$ 28.955 (R$ 170.834) – Civic Touring.

Nissan Kicks

Nissan Kicks não é oferecido na Europa Divulgação/Nissan

O SUV compacto não é vendido na Europa. Mas na América do Norte – onde chega importado do México –, o modelo é oferecido em três diferentes configurações. Em comum, todas têm o mesmo 1.6 16V, que, diferentemente do nosso motor flex, é movido só a gasolina.

Por lá, a opção topo de linha SR custa US$ 22.215, o que seria equivalente a R$ 131.068, e não tem opcionais. Sendo assim, em comparação com a SL Pack Tech (opção topo de linha aqui), o Kicks norte-americano não disponibiliza os bancos com revestimento de couro.

Visual é praticamente o mesmo da versão norte-americana Divulgação/Nissan

E nosso carro é mais barato: R$ 108.790. Mas perdemos nos itens de série, pois não há sensor de pontos cegos, frenagem de emergência com detecção de pedestres, alerta de mudança de faixa, sensor de tráfego cruzado, farol alto automático e detector de fadiga.

Lista de equipamentos do SUV é mais completa nos EUA Divulgação/Nissan

Brasil: R$ 108.790 – Kicks SL Pack Tech;
Europa: N/D;
EUA: US$ 22.215 (R$ 131.068) – Kicks SR.

Ford Ranger

Gostou da grade? É inspirada na F-150 vendida nos Estados Unidos Fernando Pires/Quatro Rodas

A picape média até aparece no site da Ford para a Alemanha, mas não há configurador ou preços. Então, o jeito foi migrar à França, que tem impostos (IVA) e salário mínimo semelhantes – 21%, contra 19% dos germânicos e 1.539 euros contra 1.557 euros, respectivamente.

Na Europa, a Ford Ranger Limited – por lá, a opção topo de linha tem o mesmo nome da nossa – com o cinco-cilindros 3.2 turbodiesel custa 46.898 euros (R$ 299.209) já com os opcionais, como Sync3 com GPS, farol alto automático e sistemas de condução semiautônoma.

Versão vendida aqui tem rodas e santo-antônio da Ranger Wildtrek Fernando Pires/Quatro Rodas

Comparado à configuração vendida no mercado brasileiro, o Velho Continente realmente fica em desvantagem: por R$ 205.990, a picape sai mais barata aqui, vem com mais equipamentos e tem detalhes exclusivos, como rodas diamantadas e santo-antônio integrado.

E se o visual para os EUA quase não muda, mas há diferenças importantes – como o motor 2.3 turbo a gasolina. Só que a versão Lariat, de US$ 40.825 (R$ 240.867), tem faróis e lanternas de led, sensor de ponto cego, bancos com aquecimento e som Bang & Olufsen.

Painel é praticamente o mesmo aqui e nos demais países Fernando Pires/Quatro Rodas

Brasil: R$ 205.990 – Ranger Limited 3.2 Duratorq;
Europa: 46.898 euros (R$ 299.209) – Ranger Limited 3.2 Duratorq;
EUA: US$ 40.825 (R$ 240.867) – Ranger Lariat 2.3 EcoBoost.

Ford Mustang

Esportivo é vendido no mercado brasileiro sem opcionais Divulgação/Ford

No fim de 2019, o esportivo passou a ser vendido no Brasil apenas na versão Black Shadow. Mas basta um pacote de opcionais na Europa para o Mustang praticamente ganhar o visual do modelo vendido aqui – a exceção fica por conta do aerofólio, sempre preto aqui.

Em relação à configuração trazida ao nosso país, o carro oferecido na Alemanha tem deixa de lado suspensão adaptativa, som Bang & Olufsen, rodas aro 19, detalhes de fibra de carbono e Sync3 com GPS. E, com o mesmo recheio, sai a 56.600 euros (R$ 360.470).

Visual da versão Black Shadow pode ser reproduzido na Europa com opcionais Divulgação/Ford

E se nosso Mustang já sai completão das lojas por R$ 354.990, os norte-americanos têm que pagar até por “básicos” sensor de chuva e iluminação da cabine. Com o mesmo nível do nosso, lá, sai por US$ 55.995 (R$ 330.370). Mas não há detalhes de fibra de carbono.

Modelo oferecido no Brasil já tem detalhes de fibra de carbono de série Divulgação/Ford

Brasil: R$ 354.990 – Mustang Black Shadow;
Europa: 56.600 euros (R$ 360.470) – Mustang GT;
EUA: US$ 55.995 (R$ 330.370) – Mustang GT Premium.

Dados complementares

Cotações
1 euro = R$ 6,38 (12/05/2020);
US$ 1 = R$ 5,90 (13/05/2020).

Salários mínimos
Alemanha: 1.557 euros (R$ 9.933);
França: 1.539 euros (R$ 9.818);
Flórida (EUA): US$ 8,56 / hora (R$ 50,50).

A conclusão a que chegamos? Caso o câmbio de nosso país siga assim desvalorizado, pode esperar que a recente onda de reajustes nos preços dos carros aqui vendidos não vai terminar por aí.



quatrorodas



 Fernando Pires/Quatro Rodas

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