Suzi diz que não quer passar por inocente e pede perdão por erro do passado



A trans Suzi Oliveira, que foi entrevistada pelo médico Drauzio Varella para uma reportagem do "Fantástico", da TV Globo, admitiu em carta divulgada hoje no Instagram de sua advogada que cometeu um crime no passado e que está pagando por ele, mas não entrou em detalhes sobre o delito.
"Eu, Suzi Oliveira, 'Rafael Tadeu', venho dizer que nas entrevistas ao jornal 'Fantástico' não foi me foi perguntado nada referente ao B.O. Eu sei que errei e muito. [Em] Nenhum momento tentei passar como inocente e desde aquele dia me arrependi verdadeiramente, e hoje estou aqui pagando por tudo que cometi", escreveu.
"Errei sim e estou pagando cada dia, cada hora e cada minuto neste lugar. Antes não teria essa oportunidade, agora quero apenas pedir perdão pelo meu erro do passado", completou.
O médico, que há décadas atua como voluntário em penitenciárias por todo o país, emocionou a web com sua abordagem sensível do tema durante a exibição da entrevista com a trans.
Após a entrevista, Suzi, que não recebe visitas na prisão há oito anos, recebeu 234 cartas e presentes em cinco dias, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo.
Segundo a advogada Bruna Castro, que cuida execução da pena e não foi a advogada durante o processo de Suzi, sua cliente foi condenada pelos artigos 217 A (Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos) e 121 (homicídio) do Código Penal.
Ontem, o assunto voltou hoje a ser um dos comentados no Twitter ao longo do dia, após o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) divulgar documentos judiciais que apontam que Suzi foi condenada pelo homicídio de uma criança de nove anos de idade.

Drauzio e Globo se pronunciam



Após a repercussão nas redes sociais sobre o post do deputado, Drauzio Varella divulgou uma nota na qual afirma "ser médico e não juiz" em referência à detenta.
"Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico", lê-se na nota de Drauzio Varella.
"No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem veiculada pelo Fantástico na semana passada (1º/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistadas. Sou médico, não juiz", completa.
A Globo enviou, ontem, o seguinte comunicado ao UOL, que foi lido ao vivo no "Fantástico":
O quadro do Dr. Drauzio Varella foi sobre uma situação que o Estado brasileiro precisa enfrentar: mulheres trans cumprem as penas pelos crimes que cometeram em meio a presos homens, o que gera toda sorte de problemas. O crime das entrevistadas não foi mencionado, porque este não era o objetivo da reportagem. Foi divulgada apenas uma estatística geral sobre eles.
O quadro gerou muita empatia no público mas também críticas exatamente por não mencionar os crimes. Sobre as críticas, o Dr. Drauzio Varella divulgou a seguinte nota, que o Fantástico apoia integralmente. "Cuido da saúde de criminosos condenados há 30 anos. E por razões éticas não busco saber o que de errado fizeram. Sigo essa atitude para cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. E para não cair na tentação de traí-lo atendendo apenas aqueles que cometeram crimes leves. No quadro do Fantástico, segui os mesmos princípios"

Uol

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