O empoderamento que incomoda, a misoginia na tela da TV e o orgulho de Gabriela Priolli na CNN Brasil


A CNN estreou no Brasil em meados de fevereiro e até a pandemia me obrigar a ficar em casa, mantive a distância segura.

Em determinado momento de isolamento voluntário e afundada no home office, resolvi dar uma chance.

A primeira coisa que pensei quando assisti Gabriela Priolli no "Grande Debate" foi: amiga, o que você está fazendo aí? Na ocasião, o outro debatedor era Caio Coppola, e se você não sabe de quem se trata, continue sem saber, não está perdendo nada.

Me deu vergonha alheia ver aquela mulher (mestre em direito penal, professora da pós-graduação em direito, especialista em política de drogas e comentarista política) tentar manter um nível aceitável de serenidade e dignidade tendo que "debater" com um rapaz que tem no currículo um diploma de direito e a bancada do programa Pânico. Lastimável.

Caio Coppola durou dois dias na bancada do debate com Gabriela Priolli. A informação oficial é que ele tenha se afastado por problemas de saúde e que é possível que ele tenha sido infectado pelo coronavírus. Creio que o fato de não conseguir rebater, de forma inteligente/verdadeira, os argumentos de Gabriela Priolli tenha agravado seu quadro de saúde. Pelo menos o de saúde mental.

A bancada por si só era um desrespeito. Mas no Brasil aprendemos que tudo oque é ruim pode sim, piorar.

Tomé Abduch, um dos líderes do movimento de direita no país e chamado para ocupar o lugar de Caio Coppola conseguiu ser ainda mais desrespeitoso, mais frágil nos argumentos e ainda mais equivocado do que seu antecessor. Na falta de embasamento científico e moral, usava daquele expediente tão conhecido pelas mulheres: interrompê-la em seu espaço de voz.

O desrespeito ao lugar de fala de Gabriela Priolli chegou ao mediador, Reinaldo Gontino. Na última sexta-feira ficou muito claro pra quem assistiu que aquelas dois homens não conseguiram se conter diante de uma mulher tão mais preparada, embasada e empoderada.

Sim, foi um ato misógino. Homens acostumados aos espaços de poder não conseguem lidar com mulheres que são notadamente superiores.

Neste domingo, Gabriela postou em.seu perfil no Twitter que não aguenta mais.
1- Queridos antigos e novos amigos, os últimos dois dias foram de muita reflexão.

Não é fácil ser firme no início de um projeto profissional, mas é impossível não me comportar segundo aquilo que eu defendo, apesar das possíveis consequências.
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Até o momento, sua saída da.CNN ainda não está confirmada, e pode ser que ela volte atrás.

O fato é que Gabriela foi desrespeitada desde o momento em que foi colocada para dividir uma bancada tão medíocre. Ela merece alguém à sua altura, que consiga contrapor sua fala sem precisar fazê-la se calar com a força do grito.



paraibafeminina

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