Navio em quarentena no Japão tem 88 novos casos de Covid-19, doença causada pelo coronavírus


O navio de cruzeiro Diamond Princess, que está em quarentena no porto de Yokohama, no Japão, desde 3 de fevereiro, registrou 88 novos casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, nesta terça-feira (18). Agora, são 542 casos confirmados da doença no navio — o maior número fora da China, onde a doença surgiu.

A quarentena do navio está prevista para terminar na quarta-feira (19), mas a saída dos passageiros deve demorar até sexta (21) por causa da grande quantidade de pessoas no navio: mais de 3,7 mil pessoas, entre passageiros e tripulantes. Os passageiros que tiverem exames negativos para o vírus poderão sair do navio, segundo o ministro da Saúde japonês.

Na segunda-feira (17), mais de 300 cidadãos americanos e familiares foram retirados do navio e levados de avião para os Estados Unidos. Entre eles, 14 estavam contaminados.
A decisão de isolar a embarcação foi tomada depois que um homem que havia desembarcado em Hong Kong foi diagnosticado com a doença.

Os passageiros passam a maior parte do tempo trancados nos quartos, e durante uma hora por dia são autorizados a saírem para caminhar e ver a luz do sol (saiba mais sobre o navio ao final da reportagem).

Mas um crescente número de cientistas, diz a Associated Press, afirma que o navio serviu de incubador para o coronavírus em vez de um local de quarentena para evitar a piora do surto, que, nesta terça (18), tem 72,5 mil casos confirmados e 1.870 mortes na China.
Em um possível sinal de protocolos de quarentena que não foram rígidos o suficiente, três oficiais de saúde japoneses que ajudaram nas verificações de quarentena do navio também foram infectados, diz a AP.

"Suspeito de que as pessoas não estavam tão isoladas umas das outras quanto poderíamos pensar", afirmou Paul Hunter, professor de medicina da Universidade de East Anglia, na Inglaterra.

A especialista em surtos do King's College London Nathalie MacDermott declarou à AP que "obviamente a quarentena não funcionou, e o navio agora se tornou uma fonte de infecção". Ela afirmou que o mecanismo exato de disseminação do novo coronavírus é desconhecido.

"Precisamos entender como as medidas de quarentena a bordo foram implementadas, como é a filtragem de ar a bordo, como as cabines são conectadas e como os resíduos são descartados", disse MacDermott. "Também pode haver outro modo de transmissão com o qual não estamos familiarizados", disse.

Durante o surto da síndrome respiratória aguda grave (Sars, na sigla em inglês), entre 2002 e 2003, especialistas descobriram que mais de 300 pessoas foram infectadas por um sistema de esgoto defeituoso em um bairro residencial de Hong Kong. MacDermott disse que é possível que haja um problema semelhante a bordo do Diamond Princess, mas que é necessária uma investigação completa.

Já Hunter disse que foi "uma grande decepção" o fato de a quarentena não ter contido a propagação do vírus, e que era lamentável que alguns passageiros que retornassem aos seus países de origem tivessem que enfrentar um segundo período de isolamento.

"Dada a forma como o vírus continuou a se espalhar, temos que presumir que todos que saem do navio estão potencialmente infectados e, portanto, precisam passar por outro período de quarentena de duas semanas", disse Hunter. "Não fazer isso seria imprudente".







G1

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