Governadores emitem nota em que aceitam negociar redução de impostos sobre gasolina após Bolsonaro anunciar projeto para mudar cálculo e ajudar baixar preços

Os governadores dos 26 estados e mais o Distrito Federal resolveram sair da ‘toca’ após o presidente Jair Bolsonaro informar, ontem, pelas redes sociais,  que pretende apresentar ao Congresso um projeto de lei para alterar a cobrança de ICMS dos combustíveis e estimular a redução dos preços cobrados dos consumidores nas bombas. Em nota, os governadores estão decididos a discutir com o Governo Federal o percentual de ICMS cobra nos Estados por por força de regra constitucional, mas querem um debate responsável que passa inclusive pela Reforma Tributária.
A resposta dos governadores surge em meio ao debate em que a sociedade começa a cobrar dos gestores estaduais a redução das alíquotas de ICMS. Na Paraíba, por exemplo, esse percentual chega a 30% sobre o litro da gasolina, um dos mais altos do país.
Confira a nota:
‘GOVERNADORES QUEREM DEBATER DIMINUIÇÃO DO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS
Os Governadores dos Estados e do Distrito Federal têm enorme interesse em viabilizar a diminuição do preço dos combustíveis. No entanto, o debate acerca de medidas possíveis para o atingimento deste objetivo deve ser feito nos fóruns institucionais adequados e com os estudos técnicos apropriados.
Diante da forma como o tema foi lançado pelo Presidente da República, exclusivamente por intermédio de redes sociais, cumpre aos Governadores esclarecer que:
1 – O ICMS está previsto na Constituição Federal como a principal receita dos Estados para a manutenção de serviços essenciais à população, a exemplo de segurança, saúde e educação.
2 – O ICMS sobre combustíveis deriva da autonomia dos Estados na definição de alíquotas e responde por, em média, 20% do total da arrecadação deste imposto nas unidades da Federação. Lembramos que 25% do ICMS é repassado aos municípios.
3 – Segundo o pacto federativo constante da Constituição Federal, não cabe à esfera federal estabelecer tributação sobre consumo. Diante do impacto de cerca de 15% no preço final do combustível ao consumidor, consideramos que o governo federal pode e deve imediatamente abrir mão das receitas de PIS, COFINS e CIDE, advindas de operações com combustíveis.
4 – O governo federal controla os preços nas refinarias e obtém dividendos com sua participação indireta no mercado de petróleo – motivo pelo qual se faz necessário que o governo federal explique e reveja a política de preços praticada pela Petrobras.
5 – Os Estados defendem a realização de uma reforma tributária que beneficie a sociedade e respeite o pacto federativo. No âmbito da reforma tributária, o ICMS pode e deve ser debatido, a exemplo dos demais tributos.
6 – Nos últimos anos, a União vem ampliando sua participação frente aos Estados no total da arrecadação nacional de impostos e impondo novas despesas, comprimindo qualquer margem fiscal nos entes federativos.
Os Governadores dos Estados e do Distrito Federal clamam por um debate responsável acerca do tema e reiteram a disponibilidade para, nos fóruns apropriados, debater e construir soluções.
Brasília, 3 de fevereiro de 2019.’

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