JOGO DURO: Ricardo Coutinho chama delegado de “escroto” e Associação reage

A Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba (Adepdel) emitiu uma nota em repúdio às declarações do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que teria tachado o delegado Állan Terruel de “escroto” durante uma conversa com o prefeito do município de Bananeira, Douglas Lucena, primo da prefeita do Conde, Márcia Lucena, presa pela Operação Calvário.
O diálogo entre o ex-governador e o prefeito faz parte de vários áudios divulgados pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que pediu a prisão de Ricardo Coutinho.
A referência, nada agradável ao delegado, é devido a uma mágoa que o ex-governador teria de Terruel por conta da abertura de um inquérito em julho de 201, que ficou conhecido como o inquérito do Propinoduto, no qual foi descoberto a distribuição de R$ 81 mil em propinas destinadas a Gilberto Carneiro, Laura Farias, Livânia Farias e Coriolano Coutinho.
Confira a nota na íntegra:
A Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba – ADEPDEL vem a público se manifestar seu total repúdio às declarações do Ex-Governador e investigado da Operação Calvário, Ricardo Coutinho, contra o Delegado de Polícia Civil, Dr. Állan Murilo Barbosa Terruel, publicadas nas redes sociais, portais e blogs da Paraíba.
Inicialmente, cabe registrar que o Delegado Állan Terruel é referência de profissional no nosso Estado e em todo o País. Profissional dedicado ao trabalho, de conduta ilibada e responsável por presidir, coordenador e colaborar com grandes operações de repressão qualificada no nosso Estado. Um orgulho da Polícia Civil e da ADEPDEL.
A Polícia Civil evoluiu muito nos últimos anos, com muitas operações de repercussão nacional, redução de homicídios e aumento na elucidação de crimes. Foi também considerada a melhor Polícia Civil do País, segundo pesquisa da revista Exame.
A sociedade reconhece o trabalho da Polícia Civil, de João Pessoa a Cajazeiras. Infelizmente, a Polícia Civil não está livre de tentativas de ingerências políticas, pois a sua chefia e vários cargos de relevância são de livre nomeação e exoneração pelo Governador. Não faz muito tempo que denunciamos que a Polícia Civil sangrava, em alusão às exonerações ocorridas em outubro de 2018 e, até hoje, não explicadas.
Quanto às declarações do ex-governador e investigado da Operação Calvário, só temos a lamentar tamanho desrespeito ao profissional, à Polícia Civil e à sociedade. Chamar um profissional que está imbuído de combater corrupção de ʺbolsonarista desgraçadoʺ, ʺescrotoʺ e dizer que ʺ…estamos preparando chumbo grosso…ʺ é uma prova cabal de tentativa de ingerência política na instituição Polícia Civil. Isso não admitiremos.
Talvez tenhamos encontrado o real motivo para remunerar os profissionais de segurança com penduricalhos. Como o Delegado não tem inamovibilidade e não recebe por subsídio, é muito mais fácil puni-lo com uma remoção e cortar verbas precárias para que ele não possa desempenhar atividades que incomodem os poderosos, em especial, os corruptos.
Os Delegados de Polícia Civil do Estado trabalham para a sociedade, não têm apego a cargos, não estão de passagem e sempre seguirão o caminho do bem, em busca de uma Polícia Judiciária cidadã, que possa priorizar o que a sociedade realmente quer.
Contudo, faz-se necessário a aprovação de medidas que possam garantir o início ou a continuidade de investigações ou operações, sem surpresas de remoções injustificadas.
Para isso, é necessária a aprovação da PEC 01 de 2019, que tramita na Assembleia Legislativa, bem como a proposição de um mandato para o Delegado Geral de Polícia Civil, pois isso dará mais segurança e autonomia para que o gestor maior da instituição possa tomar as decisões necessárias, sem o receio de ser exonerado a qualquer momento pelo Governador

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