Cunha Lima acusou Coutinho de abafar caso de propina para irmão, em debate em 2014


Em debates da disputa eleitoral pelo governo da Paraíba, em 2014, o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) já denunciava o esquema de corrupção que levou ontem (19) à prisão o governador Ricardo Coutinho (PSB), na Operação Calvário, Juízo Final.
Na ocasião do 2º debate da TV Cabo Branco, afiliada à Globo, o candidato tucano acusou Coutinho de prevaricar, por não informar ao Ministério Público da Paraíba que tinha conhecimento de que secretários e o irmão do governador, Coriolano Coutinho, estariam recebendo propina.
Conhecido como “Cori”, o irmão do governador foi preso como gestor de um “ecossistema de laranjas” do esquema. E é assessor parlamentar do deputado federal Gervásio Agripino Maia (PSB-PB).
Em setembro daquele ano, no 1º debate, Cássio Cunha Lima já havia exposto que, em 2011, a polícia apreendeu um “saco de dinheiro” (R$ 81 mil, em carro blindado), com bilhetes indicando iniciais de nomes para a distribuição do dinheiro para secretários e o irmão de Coutinho.
Cunha Lima provocou o governador dizendo ter havido o encaminhamento do inquérito para Coutinho fazer a apreciação política do caso. Foi quando o governador negou sumiço de inquérito, dizendo que a polícia arquivou o flagrante e que, ele mesmo, enviou o caso ao MP. E reagiu dizendo que não desceria “a esse mar de lama”, citando acusações que envolviam Cunha Lima .
Já no segundo debate, Cássio Cunha Lima disse que, ao contrário do que Ricardo Coutinho afirmou, nenhum inquérito havia sido protocolado pelo seu governo junto ao MP da Paraíba, denunciando o esquema que tinha seu irmão envolvido.
“Você disse que tinha encaminhado ao Ministério Público o inquérito, onde seu irmão, o Coriolano, e secretários do seu governo estavam recebendo propina. Na última segunda-feira, o Ministério Público, por certidão, atestou que, verificando os protocolos, o inquérito não foi encaminhado. Nós estamos diante, agora, é de dois crimes: o crime de corrupção e também o crime de prevaricação. E isso é muito grave”, disse Cássio Cunha Lima, no debate do 2º turno.
Ex-governador, o tucano ainda prometeu moralizar a Paraíba, sem uma postura de vestal. E provocou: “Porque tem gente que bate a carteira e sai dizendo: ‘Pega ladrão, pega ladrão!'”.

Inquérito sumiu
Em 1º de setembro de 2015, a promotora Ana Maria França cobrou explicações de delegados da Polícia Civil da Paraíba sobre o motivo de o ex-secretário de Segurança Pública da Paraíba, Raymundo José de Araújo Silvany, ter determinado o arquivamento do inquérito sobre a apreensão dos R$ 81 mil. A promotora dizia que foi alegada  “ausência de fato típico enquadrado pela lei como crime”, sem antes enviar o inquérito ao Ministério Público, único órgão com capacidade legal para definir a tipicidade da conduta.
Devido a uma condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2009, Cunha Lima foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa e teve que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para assumir o mandato de senador, em 2011, após ser eleito em 1º lugar. O tucano disputou a reeleição para o Senado, em 2018, mas não conseguiu manter o cargo, ficando no quarto lugar, com 17,5% dos votos válidos.


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