Calvário: Coriolano era o gestor do “ecossistema de laranjas” do foragido Ricardo Coutinho


Preso preventivamente na Operação Calvário/Juízo Final sob suspeita de ‘coletar propina’ para o irmão, o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB), Coriolano Coutinho, o ‘Cori’, é assessor parlamentar do deputado federal Gervásio Agripino Maia (PSB/PB). Ele foi detido pela Polícia Federal na terça, 17, no âmbito da Operação Calvário/Juízo Final, que investiga desvios de até R$ 134 milhões da Saúde e a entrega de propinas de R$ 4 milhões provenientes da Educação na residência oficial do ex-governador.
O nome de ‘Cori’ consta no site da Câmara dos Deputados como assessor de Gervásio desde 19 de fevereiro deste ano. Sua remuneração é de R$ 13.272, ao que se soma auxílios de R$ 982,29.
Para os investigadores, ‘Cori’ circulava nas estruturas de governos para ‘advogar interesses da organização junto aos integrantes do alto escalão’. Como irmão do ex-governador, ele tinha papel de destaque na captação de propina.
O Ministério Público imputa a ‘Cori’ o comando do ‘ecossistema de laranjas’ por meio do qual o ex-governador dissimulava as empresas vinculadas aos seus familiares.
O desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba, decretou a prisão preventiva de ‘Cori’ atendendo a pedido da Promotoria.
Atos de violência
“Todos os colaboradores disseram ter receio de Coriolano Coutinho, uma vez que pairam sobre ele várias notícias de atos de violência e também pelo domínio que exerce sobre as forças policiais”, destacou o desembargador.
Delatado por Daniel Gomes – operador da Cruz Vermelha do Brasil no Rio Grande do Sul – e Michele Louzada, ‘Cori’ teria recebido R$ 1,5 milhão de propina proveniente da compra de materiais e equipamentos para o Hospital Metropolitano.
Em grampo da Polícia Federal, Ricardo Coutinho foi flagrado combinando a entrega de dinheiro para seu irmão.
O ex-governador acionava o irmão quando Livânia Farias, ex-procuradora-geral do Estado e sua principal emissária, não podia se incubir da tarefa.
ACOMPANHE:
DANIEL GOMES: […] Última coisa que eu fiquei de ver com o senhor hoje foi o negócio do repasse do investimento e do destino do valor, aquele repasse, 10% do valor, o senhor ficou de me dizer se eu passo para Livânia ou se faço com alguém.
RICARDO COUTINHO: Como é que… como é que seria isso?
DANIEL: Então governador, hoje eu tô com 1.5 disponível, tá? Tá no Rio, então eu tinha que trazer pra cá como o senhor me pediu, tá? O outro 1.5 eu acho que… Enfim… No início de janeiro. Me pediu que era até dezembro, como atrasou o contrato eu tô adiantando de outras fontes isso. Não vai ser do investimento, ainda vai demorar muito.
RICARDO COUTINHO: Livânia tá sabendo?
DANIEL: Não!
RICARDO COUTINHO: Então você poderia ver com ‘Cori’.
DANIEL: Deixo com ‘Cori’ (ininteligível). Eu vou dar um jeito de me encontrar com ele amanhã no gabinete, tá? Fechado! Eu já tive com ele hoje, eu ligo pra ele agora e faço (ininteligível), tá?
Foto: TJ-PB/Reprodução
Em sua delação, Daniel diz que Coriolano também ficou responsável pelo recebimento da propina sobre a compra de equipamentos para estruturar o Hospital Metropolitano de Santa Rita.
De maio a agosto de 2018, o irmão de Ricardo Coutinho teria coletado o total de R$ 2,5 milhões em quatro ocasiões.

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