Exame indica que torcedor do Botafogo-PB teria sido espancado


O torcedor Eduardo Feliciano Justino da Silva, de 27 anos, morreu após rompimento do músculo cardíaco ocorrido por lesão praticada com objeto contundente. A afirmação é do diretor geral do Instituto Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do Norte (Intep), Marcos Brandão, e corrobora com a denúncia de torcedores de que policiais militares teriam espancado Eduardo.
    Eduardo Feliciano, que era membro da Torcida Organizada Fúria Independente do Botafogo-PB, foi morto após uma confusão envolvendo torcedores do clube pessoense e policiais militares do Rio Grande do Norte que faziam o policiamento no estádio Barretão, no município de Ceará-Mirim, onde Globo-RN e Botafogo-PB se enfrentaram pela 16ª rodada da Série C do Campeonato Brasileiro.
    Ao Portal Correio, Marcos Brandão disse que o exame de necropsia de Eduardo evidenciou uma série de lesões corporais, como o rompimento do músculo cardíaco e hematomas na face e em outras regiões do corpo.
    Além disso, exames complementares foram solicitados para investigar o consumo de álcool e de drogas ilícitas por parte do torcedor. Porém, Marcos adiantou que caso Eduardo tenha feito consumo desses produtos, eles não possuem relação com a causa de morte.
    “Foram identificadas várias lesões no corpo do Eduardo, mas a que foi determinante para a morte dele foi o rompimento do músculo cardíaco e a hemorragia em consequência disso. Os exames toxicológicos solicitados não influenciam em nada para determinar à morte. O que o matou foi o rompimento desse músculo que ocorreu a partir de uma pancada com instrumento contundente. Pode ter sido uma queda do muro em cima de uma pedra ou também espancamento. Qual instrumento foi esse que causou a lesão é a investigação que irá responder”, afirmou Marcos.
    Com base nesse laudo, ganham forças as denúncias de que Eduardo teria sido espancado pelos policias. O fato foi contado por um amigo dele, Iuri Targino, em entrevista à TV Correio.
    “A gente estava na frente do estádio e começou a confusão porque os policiais tentaram abordar crianças, jovens e mulheres. Nos recusamos a sofrer a abordagem e começou a pancadaria. Foi quando meu amigo foi covardemente espancado. Ele recebeu uma pancada no peito muito forte e parou de respirar. Abracei ele e até tomei tiro na perna, mas nada foi válido”, relatou Iuri.
    Em contato com o Portal Correio, um policial civil da Delegacia de Ceará-Mirim informou que a investigação que vai apurar o caso ainda irá começar assim que o inquérito for aberto, o que deve ocorrer até esta terça-feira (12).
    Portal Correio tentou contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar do Rio Grande do Norte para saber se será aberto processo administrativo para apurar a ação dos policiais que faziam a segurança da partida, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.
    O corpo de Eduardo Feliciano será sepultado nesta segunda-feira (12) em João Pessoa.

    Agredido após confusão

    Eduardo teria sido espancado pela polícia por volta das 18h20, 55 minutos antes do início da partida entre Globo-RN x Botafogo-PB, no estádio Barretão, quando alguns membros da Fúria e da Torcida Jovem, outra torcida organizada do Belo, que estavam do lado de fora do estádio, pularam o muro para invadir o local e não pagar ingresso.
    Alertados da invasão, policiais militares reagiram com tiros de borracha e golpes de cassetete contra torcedores que ainda tentavam invadir o estádio. Foi durante essa reação que Eduardo Feliciano teria sido espancado pelos policiais e ficado desacordado.
    Socorrido por uma ambulância do Samu, Eduardo chegou a dar entrada no Hospital Municipal Doutor Percílio Alves, em Ceará-Mirim, mas não resistiu e morreu horas após os ferimentos.

    Torcedora empurrada

    Outro caso de agressão de policiais a torcedores do Botafogo-PB foi presenciado dentro do estádio. De acordo com um torcedor que foi até o Barretão, instantes após a invasão ter sido contida, um jovem foi detido já na arquibancada do estádio destinada à torcida botafoguense.

    No momento em que um policial conduzia o torcedor para fora da arquibancada, uma torcedora tentou acompanhar o procedimento e foi agredida por um segundo policial, que a empurrou fortemente, fazendo com que a torcedora quase batesse a cabeça em uma parede.

    Clube presta pesar

    Em nota publicada no Instagram, o Botafogo-PB lamentou o ocorrido e prestou solidariedade aos familiares de Eduardo. O clube também afirmou que espera investigação da morte.


    O Botafogo-PB também informou que arcou com as despesas de traslado, velório e sepultamento do corpo de Eduardo.
    Também por meio das redes sociais, a Fúria Independente do Botafogo-PB exigiu justiça e cobrou investigação da morte do torcedor.


    Portalcorreio

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