Vistoria do MPF constata que rachaduras na Transposição não foram provocadas pelo clima


Ao contrário do que afirmou o Ministério do Desenvolvimento Regional, as rachaduras identificadas ao longo do canal da Transposição das Águas do Rio São Francisco podem não ter relação com fatores climáticos. Pelo menos é o que indicam as conclusões de engenheiros do Ministério Público Federal (MPF), que realizaram uma vistoria entre os dias 21 e 22 deste mês na obra. Os problemas encontrados indicam falhas estruturais no projeto do Eixo Leste da Transposição.

“Em conclusão a esta informação técnica, tenho a expor que os canais da Transposição do São Francisco apresentam uma série de patologias que são incompatíveis com o tempo decorrido desde a construção. A meu ver, tais patologias estão associadas a impropriedades quando da concepção e/ou execução da obra e não a fenômenos naturais ou climáticos da região. Entendo que o excesso de fissuras, trincas e mesmo a ruptura do concreto que reveste o canal por si só é um indicativo de que: ou a qualidade do material ficou aquém daquela desejada (elevado fator água/cimento, condição de cura insatisfatória, etc.) ou existe uma deficiência na concepção das juntas de dilatação e controle”, esclarecem os engenheiros ao analisarem os problemas na obra.

Em outro trecho, os engenheiros salientam que “o “Sistema de Drenagem Externa” possui a finalidade de proteger as obras dos canais da transposição dos efeitos das chuvas intensas e da erosão. Durante a inspeção, foi constatado que vários trechos dos canais de drenagem externa estão completamente danificados (Fotos 14 a 17), comprometendo o direcionamento das águas para todo o sistema”. O documento será encaminhado pelo MPF ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

Após denúncias de moradores da cidade de Monteiro, relatando a existência de rachaduras nas paredes do canal e plantas, o Ministério do Desenvolvimento Regional levantou a possibilidade, através de nota, de que os problemas poderiam ser causados pelas altas temperaturas na região do Cariri do Estado.

O caso

As rachaduras e a presença de plantas às margens e dentro do canal foram registradas por moradores de Monteiro, que sofrem com a falta de bombeamento da água da Transposição desde o mês de fevereiro deste ano. Para o MPF, caso obras complementares na Transposição não sejam realizadas, como a revitalização do Rio Paraíba e a recuperação de barragens, o investimento pode não chegar a beneficiar a população do Cariri do Estado.


jornaldaparaiba

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