Em depoimento, Flordelis diz não saber onde está o celular do marido morto


A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) disse à polícia que não sabe o paradeiro do celular de seu marido, o pastor evangélico Anderson do Carmo, 42, assassinado a tiros há nove dias. Ela prestou ontem depoimento por cerca de 9h30 na Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.
A informação foi confirmada ao UOL pelo advogado da parlamentar, Fabiano Leitão Migueis, que acompanhou o depoimento prestado à delegada Bárbara Lomba, que chefia as investigações.
De acordo com Migueis, mais de 40 celulares foram apreendidos na residência em que Flordelis morava com o pastor e nenhum auto de apreensão foi entregue à família sobre esses aparelhos recolhidos - devido a isso, o advogado não sabe precisar quais celulares foram levados no contexto da investigação policial.
"Ela [Flordelis] não sabe desse celular. Ela não sabe se esse aparelho passou pela mão dela ou de algum filho. Mais de 40 celulares foram recolhidos. Como ela mesma me disse, quem garante que esse celular não foi apreendido? Ela não está com o celular e não sabe onde está. Ela já conversou e pediu ajuda dos filhos, que se comprometeram a ajudar a encontrar, mas, até hoje, esse aparelho não foi encontrado", declarou o advogado à reportagem.
Além do celular de Anderson, a polícia também diz que o telefone móvel de Flávio dos Santos Rodrigues, 38, está desaparecido. Filho biológico de Flordelis e enteado de Anderson, Flávio é apontado pela polícia como o autor de seis disparos que mataram Flávio. Segundo a investigação, ele teria confessado a autoria do crime. Porém o advogado Anderson Rollemberg, um dos defensores do suspeito, nega que tenha ocorrido a confissão e alega que seu cliente é inocente.
De acordo com a defesa de Flordelis, a deputada reforçou versão anterior de que estava no 3º andar quando o crime aconteceu. "Quando houve os tiros, os filhos a contiveram, ela não chegou nem a ver a cena do crime", afirmou Migueis.
Além de Flávio, outro filho de Flordelis, Lucas dos Santos, está preso sob suspeita de ter obtido a arma calibre 9mm usada no crime, que foi achada em cima do armário no quarto usado por Flávio dentro da casa da deputada e do pastor evangélico.
Questionado pela reportagem em relação ao depoimento de um dos filhos, que supostamente apontou envolvimento de Flordelis e de outras três filhas no assassinato, o advogado de defesa afirmou que isso "sequer foi perguntado" à deputada. De acordo com informações de um depoimento prestado à DH e divulgado pela TV Globo, Flordelis teria supostamente colocado medicamentos na comida do pastor.
"Não foi perguntado porque a própria delegada não confirma esse depoimento. Isso nem foi mencionado. Nem o envenenamento foi mencionado", explicou o defensor da deputada.
Quanto às contradições declaradas no dia do crime, quando a deputada disse que o carro do casal foi supostamente perseguido por duas motos e que Anderson teria sido morto ao defender uma invasão na casa, Migueis informou que a deputada ficou muito abalada com outro episódio de assalto pelo qual ela e o pastor passaram no ano passado.
"Ela procurou contar tudo o que aconteceu, mas coube às autoridades policiais o esclarecimento [de que não houve perseguição]", disse ele. A delegada responsável pela investigação diz que está praticamente descartada a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) e da perseguição sofrida pelo casal.
O advogado também acrescentou que Flordelis está "muito abalada". "Eles [Flordelis e Anderson] eram unha e carne. Ela está muito abalada com tudo, ainda mais com dois filhos tornados suspeitos. Mas tem muita gente a apoiando, entre familiares e religiosos. Ela poderia ter adiado esse depoimento, mas quis esclarecer tudo para que isso se resolva logo. Ela quer retomar as atividades dela na Câmara [dos Deputados] e nos projetos sociais dela", finalizou o defensor.
Procuradas pela reportagem, a delegada Bárbara Lemos não respondeu às perguntas. Já a Polícia Civil disse que não divulgará informações sobre o depoimento. "O sigilo no inquérito que apura a morte do pastor Anderson do Carmo é crucial para a conclusão do caso,", explicou em nota.

Advogados pedem transferência de filhos para presídio

Ontem, as defesas dos dois filhos de Flordelis que estão presos por suspeita de participação no crime solicitaram a transferência de ambos para a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica.
De acordo com as duas defesas, a Polícia Civil ainda não respondeu ao pedido. O advogado Flávio Crelier, que representa Lucas, afirmou que irá à Divisão de Homicídios na parte da tarde para verificar se a solicitação será aceita.
"Foi pedido porque eles estão em condição insalubre, sem alimentação decente, sem higiene devida. Estão sem tomar banho. A transferência é o mínimo da condição existencial", disse Crelier.
Já Alexandra Menezes, que compõe a equipe de defesa de Flávio, disse que, embora não confirmada, a transferência teria sido informalmente aceita pela polícia. "O delegado-assistente nos disse ontem que, caso não fosse na parte da manhã, seria na parte da tarde. Um dos nossos advogados irá à DH para assegurar isso", declarou. A polícia não confirma a informação.

uol

Postar um comentário

0 Comentários