OCDE: Brasil pode mergulhar em nova recessão



Um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), divulgado nesta terça-feira (21), faz um alerta sobre a importância da reforma da Previdência para o crescimento da economia brasileira.

"Se o Congresso não aprova o ambicioso programa de reformas do Executivo, em 2020 não cumpriria a regra fiscal que limita o aumento dos gastos públicos, o que provavelmente aumentaria os custos de financiamento, diminuiria os resultados de crescimento e poderia voltar a mergulhar o país em uma recessão."

A entidade, no entanto, pontua as dificuldades, que envolvem, principalmente, a política. 

"Os riscos [à economia brasileira] estão relacionados principalmente com a implementação de reformas. Devido ao fragmentado panorama político e à relação às vezes dificil entre os diferentes poderes do Estado, está se tornando complicado alcançar um consenso sobre reformas essenciais", diz um trecho do documento. 

A OCDE reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira em 2019, de 1,9% para 1,4%. Em 2020, a perspectiva é de aumento de 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto).

Para a organização, "os baixos níveis de confiança estão freando uma maior recuperação da demanda interna". 

"Os níveis de confiança permanecerão baixos até que se veja um progresso tangível de uma implementação da reforma fiscal", afirmou o economista da OCDE Jens Arnold. 

Segundo ele, o Brasil "tem poucas vulnerabilidades externas", mas o risco econômico é interno e se resume basicamente aos gastos previdenciários.

"Isso cria uma dinâmica que não é sustentável na sua forma atual e por isso é muito importante que o Brasil enfrente esses desafios mediante uma reforma do sistema previdenciário."

Arnold também avalia que o sistema tributário brasileiro é um entrave para o desenvolvimento.

"No Brasil, temos esse sistema de impostos indiretos fragmentados, com cinco impostos indiretos diferentes, com regras que mudam de um estado para o outro. Uma empresa que quer atender em todo o país, tem que se adaptar às regras de todos os estados. Isso gera um custo para as empresas que não se justifica para nada, em um sistema que não gera benefícios."

A OCDE também se posicionou favorável à ampliação do programa Bolsa Família, que segundo o estudo "o custo representa apenas 0,5% do PIB" e "tiraria da pobreza um número maior de pessoas, fortaleceria os incentivos à assistência escolar e visitas médicas, reduzindo assim as desigualdades na educação e na saúde".

América Latina em ritmo lento
A OCDE estima que os seis países analisados pela instituição (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México), que representam 82% do PIB da América Latina, cresçam 1,4% em 2019 e 2,4% em 2020.

As expectativas de crescimento em 2019 foram rebaixadas em quatro deles (Brasil, Chile, Costa Rica e México), na comparação com o último levantamento, de seis meses atrás.

R7

Postar um comentário

0 Comentários