Investigadores encontram bitucas de cigarro nas obras do telhado da Notre-Dame


O jornal francês Le Canard Enchaîné fez uma série de revelações sobre falhas na segurança das obras da Catedral de Notre-Dame, parcialmente destruída por um incêndio em 15 de abril. Frágeis instalações elétricas, bitucas de cigarro encontradas nos andaimes, demora para prevenir os bombeiros sobre o fogo: o diário teve acesso aos primeiros elementos analisados pelos investigadores.
Segundo a reportagem do Le Canard Enchaîné, sete bitucas de cigarro foram recolhidas perto de um dos andaimes da catedral. Questionado pelo jornal, Marc Eskenazi, porta-voz da empresa Le Bras Frères, responsável pela reforma no teto da catedral, admitiu que alguns funcionários fumavam no local, apesar da proibição. "Lamentamos", disse ele, lembrando que a polícia já havia sido informada.
Eskenazi descartou, no entanto, a possibilidade de um cigarro mal apagado ter provocado o incêndio. "Qualquer pessoa que já tentou alguma vez acender o fogo em uma chaminé sabe que não acontece muita coisa quando você lança uma bituca sobre um tronco", relevou.
Mas por que os funcionários desrespeitavam a proibição de fumar nos andaimes? Segundo o porta-voz, era complicado e demorado para os empregados descerem do teto até o térreo. "Sob nenhuma circunstância eles são responsáveis pelo incêndio", reiterou.

Instalações elétricas frágeis

Outra violação das regras de segurança estabelecidas para monumentos históricos seria a presença de fios elétricos no teto da Notre-Dame, até mesmo na agulha da igreja, que desmoronou nas primeiras horas do incêndio. A frágil instalação servia para ativar um jogo de sinos, autorizado para funcionar de forma provisória em 2012. Entretanto, o próprio Le Canard Enchaîné lembra que "nada permite afirmar que a alimentação elétrica tenha tido um curto-circuito às 18h04", hora em que os sinos soaram, doze minutos antes do primeiro alerta de incêndio.
A demora para que os bombeiros fossem acionados também é outro fator apontado pelo diário. Segundo a reportagem, 35 minutos separam o momento do primeiro alerta sobre o fogo até a hora em que os bombeiros foram chamados. Para Le Canard Enchaîné, "esse atraso devastador", devido a "uma série de erros humanos", provocou "chamas totalmente incontroláveis".

Uol

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