Alcolumbre é eleito novo presidente do Senado

Após tumulto e muito bate-boca em plenário sobre o modelo de votação, voto a mais na urna e a desistência do senador Renan Calheiros (MDB-AL), o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) venceu a eleição para assumir a presidência do Senado neste sábado (2). Aliado do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), Alcolumbre assumirá o comando da Casa pela primeira vez. 
Alcolumbre venceu a disputa contra os senadores Angelo Coronel (PSD-BA), Esperidião Amin (PP-SC), Fernando Collor (Pros-AL) e Reguffe (Sem partido-DF), que também se candidataram à presidência. A votação foi com voto secreto, registrado em cédulas, após decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli.
Principal adversário de Alcolumbre na disputa, Calheiros desistiu da presidência em meio à segunda votação para a escolha do presidente da Casa. Renan reclamou do fato de se repetir "uma votação que foi anulada porque um senador colocar uma cédula dentro da outra cédula". 
Ele afirmou que "esse processo não é democrático". "Então, para demonstrar que esse processo não é democrático, eu queria lhes dizer que o Davi não é Davi, o Davi é o Golias. Ele é o novo presidente do Senado porque eu retiro minha candidatura. E eu não vou me submeter a isso", disse, em tom inflamado.
A desistência veio depois que a primeira votação, ocorrida horas antes, foi anulada por que foram contados 82 votos na urna utilizada pelos senadores -- o Senado possui 81 senadores no total. 
Antes de Renan anunciar a decisão, o senador Flávio Bolsonaro depositou seu voto e anunciou que havia desistido de exercer o direito do voto secreto. Ele anunciou que havia escolhido Davi Alcolumbre (DEM-AP), principal rival de Renan.
Após a desistência de Renan Calheiros alguns adversários de Alcolumbre, como o senador Esperidião Amin, tentaram fazer com que a votação foi cancelada e reiniciada novamente, mas os colegas da mesa diretora, que comandavam o processo, não concordaram.
Apesar da decisão de que o voto seria secreto, muitos senadores foram ao microfone declarar o voto e até exibiram as cédulas para as câmeras.
Os senadores Major Olímpio (PSL-SP), Simone Tebet (MDB-MS) e Alvaro Dias (Podemos-PR) também desistiram da disputa, ainda antes da primeira tentativa de votação. Na sexta-feita (1°), Tasso Jereissati (PSDB-CE), considerado um dos principais opositores da candidatura de Renan, já havia declinado da sua candidatura. 
A sessão para escolher quem comandará a presidência do Senado pelos próximos dois anos se iniciou na tarde de sexta, mas, após impasse, foi suspensa e retomada neste sábado.

TUMULTO SOBRE VOTO ABERTO

Alcolumbre foi um dos protagonistas das confusões de sexta sobre como seria a votação para eleger o presidente da Casa. O regimento interno do Senado prevê que a votação seja secreta. No entanto, questões de ordem foram apresentadas por senadores do bloco de oposição a Renan para que o pleito fosse aberto.
Eles alegaram que a população tem o direito de saber em que o parlamentar votou e o princípio da transparência nas ações tomadas em plenário.
A discussão para decidir se a votação para a escolha da Presidência do Senado seria ou não secreta também estava diretamente relacionada com a candidatura de Renan. Parlamentares que apoiavam o seu nome acreditavam que, se a votação fosse secreta, como manda o Regimento Interno da casa, Renan teria mais chances de vencer a disputa. 
Por outro lado, os partidários das candidaturas contrárias à de Renan dizem acreditar que se a votação fosse nominal e aberta, menos parlamentares se sentiriam dispostos a votar em Renan.
Antes do início da sessão, no plenário, funcionários do Senado apostavam que, ao contrário, se a votação fosse aberta, o presidente interino Davi Alcolumbre seria o vitorioso no primeiro turno. Diversos senadores contra o voto explícito questionaram o interesse de Alcolumbre em presidir a sessão tendo intenção de se candidatar ao posto da presidência para suposto benefício próprio. Ele chegou a ficar sentado por sete horas na cadeira da presidência para não correr riscos de ser substituído.
Sob tumulto e protestos --com direito a um "roubo" da pasta de Alcolumbre por Kátia Abreu (PDT-TO)--, o parlamentar do Democratas acabou acatando a questão de ordem e promoveu votação para escolher como seria o formato do voto à presidência. 
Por 50 a 2, o voto aberto ganhou, mas criou-se um impasse. Os senadores contrários ao voto aberto e que rejeitaram a consulta anterior sobre como se daria a votação à presidência não aceitavam mais a condução dos trabalhos por Alcolumbre.
"Vossa excelência chegou 10h, sentou na mesa, presidiu a sessão. Tirou os mais idosos. Tirou o [Sérgio] Petecão, segundo suplente. Depois transformou uma sessão preparatória em sessão deliberativa, demitiu o Bandeira, que é secretário-geral da Mesa. Isso é um ato administrativo. Com que poder? Se vossa excelência pode tudo isso, quem sou eu, o Renan, Cavalo do Cão?", disse Renan Calheiros.
Os senadores buscaram um acordo, pois o presidente interino disse que só sairia da mesa para ser substituído por José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan, se este não revogasse a definição da votação aberta. Após cinco horas de sessão e nenhum consenso, dois senadores apresentaram questões de ordem para que os trabalhos fossem suspensos e retomados no dia seguinte. Eles alegaram que não havia mais clima para realizar a escolha do novo chefe da Casa depois de um longo debate sobre o voto aberto ou fechado.
A sessão deste sábado foi comandada por Maranhão, que cumpriu a decisão de Toffoli, criticada por senadores que desejavam o voto aberto.

Uol

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