Jornalistas de CG desabafam e revelam que também foram “convidados”, pelo Motiva, a retirarem seus filhos autistas do Colégio


Após a repercussão da denúncia de uma mãe, ontem (17), contra o Colégio Motiva Ambiental, em Campina Grande, de que a direção teria discriminado seu filho autista e o “convidado” a se retirar daquela unidade escolar, dois jornalistas, que também tem filhos autistas, revelaram nas redes sociais que passaram pelo mesmo constrangimento.

O pai de família e jornalista, Carlos Magno ao se deparar com a denúncia, resolveu desabafar sobre o caso do seu filho e faz um relato comovente. “Para mim o Motiva fechou as portas. Meu filho, que os colegas sabem que é especial, foi ‘educadamente convidado’ a procurar outra escola. Foi uma das maiores decepções que tive em toda a minha vida. Jamais esperaria isso do Motiva”, desabafou.

Magno continua: “O pior foi o que minha esposa Adriana teve que escutar do proprietário da escola. Só para se ter uma ideia: ele olhou para Adriana e disse: ‘Nem você aguenta seu filho’. É triste. Eu nunca esperava de Carlos a reação que ele teve. Me decepcionei com ele como nunca havia me decepcionado com ninguém nesta vida e nunca externei isso pra ninguém, a não ser para minha família e alguns poucos amigos. É primeira vez que falo isso abertamente”, confidenciou o jornalista.

Carlos Magno disse que conhecia Carlos (proprietário do Motiva) desde 1995 e que sempre manteve um ótimo relacionamento com ele, até o dia em que as professoras do Colégio ‘perderam’ seu filho dentro da escola. Magno conta que sua esposa entrou em desespero. “O desespero maior foi porque existia um grande lago na parte de trás da escola e Gabriel sempre foi fissurado por água. Ela não parava de chorar, o tempo passando e ninguém encontrava Gabriel”, relatou.

O jornalista disse que sua esposa, à época, chorava compulsivamente porque ninguém conseguia encontrar seu filho. Ainda segundo relato de Magno, foi aí que o proprietário do Motiva, Carlos Barbosa chegou e começou a dizer coisas com ela, enquanto as professoras davam-lhe água e pediam para ela se acalmar. “Ele jogou na cara da minha esposa que a culpa era do nosso filho, porque ele era ‘muito danado’. Nesse momento, ele disse a pior frase que minha esposa já escutou em toda a sua vida: ‘Nem você pode com seu filho’”, frisou.

Algum tempo depois, encontraram o filho do jornalista e o levaram para a mãe. Magno relata que mesmo sem condições alguma de dirigir, ela saiu de lá com ele. No outro dia, eles decidiram não mais levar o filho para o Motiva. “Ficamos um mês sem levar nosso filho de novo para a escola. A primeira ligação da escola para saber como ele estava, Adriana ou se ele iria voltar ao colégio ocorreu uns 15 dias depois daquele fatídico dia, ou seja, a escola não estava nem aí”, revelou Magno.

Carlos Magno, disse ainda que um bom tempo depois, recebeu um recado que veio por meio de uma mãe e ela “aconselhou” que era melhor ela tirar nosso filho da escola.
Decepcionado, Magno revela: “O homem que tinha um excelente relacionamento comigo até hoje não me ligou mais pra nada. Nem pra saber como meu filho estava, nem sobre Adriana nem sobre nada. ACABOU-SE!!!", ressaltou.

O jornalista tinha outro filho estudando no Motiva e optou por conversar com ele para saber se ele desejava permanecer lá ou mudar de escola e, se surpreendeu com a resposta do seu outro filho. “Ele era um dos melhores da sala, tinha as melhores notas, os melhores elogios e, por isso optamos por questioná-lo se ele queria continuar na turma que estava desde pequenino ou mudar de escola. Aí, ele chegou pra gente e falou: ‘Na escola onde meu irmão é rejeitado eu não estudo. Quero sair daqui. E tiramos ele do Motiva. Esse é o relato”, disse.

O jornalista, Carlos Magno resume sua opinião sobre o Colégio Motiva: “Uma grande escola, com ótimos professores e uma excelente estrutura. Mas péssima no quesito de educar para a vida, péssima no quesito respeito aos especiais, péssima no quesito inclusão, péssima no quesito ensinar as crianças a conviver com as diferenças, péssima no quesito respeito aos pais. Uma escola que visa números, índices de aprovação, etc. se vc é inteligente e pode contribuir para os índices da escola, vc é o rei. Se não, passa a ser apenas um a mais (ou um a menos, se possível)”, desabafou ‘visivelmente’ decepcionado.

Por fim, Magno agradeceu as inúmeras mensagens de solidariedade dos colegas de profissão sobre seu relato. “Obrigado a todos pelas palavras de conforto e desculpa pelos desabafos. Mas eu hoje vi que era necessário falar. Tiro um peso de mim. Obrigado a cada um que se manifestou aqui. São palavras que nos reconfortam. E nos dão mais força para a grande missão que Deus nos confinou, que foi cuidar do nosso anjo”, sublinhou.

Ainda num grupo de whatsapp, onde ocorreu o desabafo do jornalista, Carlos Magno, uma outra jornalista, Patrícia Alves que também tem filho especial relatou que o retirou seu do Motiva pelo mesmo motivo e ela acrescentou: “Mas não estamos falando só do motiva não! Tem crianças que já foram recusadas em 5 escolas. Porque era autista, não foi porque era agressiva ou qualquer coisa assim. Repetindo, não estou falando de um local. Não conheço nenhuma instituição que ‘queira’ o diferente. A sociedade é assim também. Temos relatos de crianças que foram tiradas de restaurantes. Conheço mil casos de preconceito. O caso do motiva veio à tona, mas lá não é a única escola, nem o único lugar, nem eles são horríveis. Precisa haver muita consciência para não repudiar as minorias”, alertou a jornalista.

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