TV estatal do Irã diz que condenada ao apedrejamento não foi libertada


Segundo rede Press TV, Sakineh fez apenas uma reconstituição do crime. ONG alemã havia anunciado sua suposta libertação na véspera.

A iraniana Sakineh Mohamadi-Ashtianí, condenada por adultério e cumplicidade no assassinato de seu marido, teria deixado a prisão apenas por algumas horas para fazer a reconstituição do crime e não foi libertada, informou a rede estatal de TV “Press TV”, nesta sexta-feira (10).

Na quinta (9), as agências  divulgaram uma série de fotos que supostamente mostram a iraniana, condenada a morrer apedrejada, em liberdade.

"Ao contrário da vasta campanha de publicidade da mídia ocidental sobre que a assassina confessa tinha sido libertada", ela continuava sob custódia, disse o site da TV.

O governo do Irã não havia confirmado a libertação.

A Press TV disse ter feito um filme, a ser exibido nesta sexta, em que Sakineh descreve a morte de seu marido. Aparentemente, esse filme parece ter sido a origem dos rumores, já que a divulgação do programa mostrava a mulher no jardim da sua casa, ao lado do filho, Sajad Ghaderzadeh, e do advogado, Javid Houtan Kian. Eles também continuam presos.

O canal disse que a Justiça autorizou que ela deixasse a prisão para ir até sua casa reconstituir o crime.

Suposta foto de Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada a apedrejamento que teria sido libertada, segundo informações não-oficiaisa
Suposta foto de Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada a 
apedrejamento, que teria sido libertada, segundo informações 
não-oficiais. (Foto: AP Photo)

O Comitê Internacional Antiapedrejamento, ONG alemã que acompanhava o caso, havia informado nesta quinta sobre a suposta libertação da iraniana.

Sakineh, de 43 anos, foi condenada em 2006 a dez anos de prisão por participação no assassinato de seu marido com um de seus amantes, e condenada à morte por apedrejamento por vários adultérios, segundo as autoridades iranianas.

Sua condenação foi reduzida em 2007 a 10 anos de cadeia, após uma apelação, mas a sentença do apedrejamento foi confirmada por outro tribunal de apelação. Atualmente, sua pena passa por uma revisão, e ela corre o risco de ser enforcada.

O caso veio a público em julho passado e provocou uma onda de protestos no Ocidente, com pedidos para que a sentença não fosse aplicada.

O Irã acusa o Ocidente de usar o caso como arma de propaganda, transformando um “caso simples” em um meio de pressionar o governo do presidente Mahmud Ahmadinejad, criticado por supostas irregularidades eleitorais e desrespeito aos direitos humanos.

Em julho, o presidente Lula, após inicialmente dizer que não intercederia por Sakineh, apelou a Ahmadinejad para que Sakineh fosse recebida no Brasil. Em 3 de novembro, a presidente eleita, Dilma Rousseff, disse que o apedrejamento seria “uma coisa bárbara”.








* Com informações das agências de notícias Efe e France Presse

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